Grande notícia para os brasileiros que fazem compras: a inflação anual no Brasil caiu para o menor patamar em mais de dois anos. Isso quer dizer que os consumidores aproveitaram um aumento menos intenso dos preços de bens e serviços no país. Todavia, isso não significa que houve redução dos valores.
Na verdade, os preços apenas subiram menos que antes, mas ainda assim se elevaram. De todo modo, a notícia é bastante animadora, pois reflete a perda de força da inflação no país, que vem pressionando a renda de milhões de pessoas nos últimos anos.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), acumulou uma alta de 4,65% nos últimos 12 meses até março. Em resumo, essa é a menor taxa inflacionária anual desde janeiro de 2021, quando a taxa ficou em 4,56%.
A título de comparação, a inflação anual no Brasil estava em 5,60% nos 12 meses imediatamente anteriores. No entanto, com o acréscimo do resultado de março, a taxa sofreu um forte decréscimo e caiu para abaixo de 5%.
Entenda o que é IPCA
Em primeiro lugar, vale ressaltar que IPCA é considerado a inflação oficial do Brasil. Assim, as variações registradas pelo índice refletem o aumento ou a queda nos preços dos bens e serviços. Quando há alta contínua e generalizada, tem-se inflação. Quando o corre o contrário, com queda contínua e generalizada dos preços, tem-se deflação.
Nos últimos anos, os brasileiros sofreram com uma inflação elevada. Em suma, os bens e serviços ficaram mais caros no país, em geral. Isso corroeu a renda da população, que passou a pagar mais caro para adquirir bens ou contratar serviços no Brasil. Em outras palavras, o custo de vida ficou mais elevado.
Aliás, o principal objetivo do IPCA é “medir a inflação de um conjunto de produtos e serviços comercializados no varejo, referentes ao consumo pessoal das famílias, cujo rendimento varia entre 1 e 40 salários mínimos, qualquer que seja a fonte de rendimentos”.
Dessa forma, o IBGE consegue mapear as variações dos preços entre diversas faixas de renda. Quanto mais elevada estiver a inflação, menor fica o poder de compra do consumidor. Por isso que informações sobre a taxa inflacionária são tão importantes para a população.
Meta da inflação no Brasil para 2023
A saber, o Conselho Monetário Nacional (CMN), define uma meta central para a inflação do Brasil anualmente. Em meio à taxa definida, o Banco Central (BC), age para cumprir a meta, uma vez que a inflação controlada traz diversos benefícios para o Brasil, como:
- Maior tranquilidade para investir no Brasil;
- Mais previsibilidade econômica, permitindo um planejamento das indústrias;
- Redução da concentração de renda;
- Maiores chances para o país ter um crescimento econômico sustentável.
Para 2023, o CMN definiu uma meta central de 3,25% para a inflação no país, podendo variar entre 1,75% e 4,75%. Isso acontece porque a entidade também define um intervalo de 1,5 ponto percentual para a taxa inflacionária, que pode variar para cima e para baixo.
Portanto, caso a inflação de 2023 tenha uma variação dentro desse intervalo, entre 1,75% e 4,75%, ela terá sido formalmente cumprida, mesmo superando a meta central de 3,25%. E esse é o cenário atual do país, com uma inflação em 4,65% no acumulado dos últimos 12 meses.
Ao considerar apenas o primeiro trimestre de 2023, a inflação acumulada está em 2,09%. Embora esteja abaixo da meta, vale lembrar que essa variação corresponde a apenas três meses.
De modo geral, ao considerar que os três trimestres restantes de 2023 tenham taxas semelhantes ao primeiro, a inflação irá estourar a meta pelo terceiro ano consecutivo. Contudo, isso não é indicado, uma vez que cada mês ou trimestre possui características específicas, que afetam a taxa inflacionária de determinadas maneiras.
Inflação deve estourar a meta em 2023
A inflação no Brasil está em patamar bem abaixo dos últimos anos. Entretanto, a taxa deverá se manter elevada, em um nível mais alto que esperado, por diversos motivos, como a volta da arrecadação de impostos sobre combustíveis.
Em síntese, o governo federal estima que o rombo das contas públicas chegue a R$ 120 milhões em 2023. Apesar de ser um montante bastante expressivo, o Congresso Nacional aprovou um déficit de R$ 231,5 bilhões, mas o governo busca meios de aumentar a arrecadação para reduzir esse rombo.
A retomada da cobrança de PIS/Cofins sobre a gasolina e o etanol é uma das medidas fiscais para diminuir o déficit das contas públicas em 2023. A ação é vista como um remédio amargo, mas necessário ao país. O problema é que essa medida atinge diretamente a população, que passará a pagar mais impostos para cobrir o rombo das contas públicas.
Por fim, os brasileiros devem preparar o bolso, porque uma inflação menos intensa não deixa de representar aumento dos preços. As dificuldades devem continuar, principalmente para as famílias de renda mais baixa. E as ações do governo podem dificultar ainda mais a vida dos consumidores.