O governo federal estuda a possibilidade de aumentar o percentual de etanol na gasolina para 30%, segundo informações divulgadas pelo Ministério das Minas e Energia. A medida tem como objetivo atender à pressão dos produtores de etanol do país e reduzir a dependência de combustíveis fósseis.
No entanto, a mudança pode trazer alguns riscos para os carros dos motoristas. Isso porque, ao aumentar o percentual de etanol na gasolina, pode ocorrer uma maior corrosão no sistema de combustível e até mesmo danificar componentes importantes do motor.
Além disso, alguns especialistas alertam que a mudança pode causar uma redução na eficiência energética dos veículos, o que pode resultar em um aumento no consumo de combustível e, consequentemente, nos custos de manutenção. Apesar disso, por enquanto a medida ainda está em avaliação pelo governo e não há uma previsão de quando ela será implementada.
Alterações no percentual de etanol na gasolina
De acordo com a Copersucar, cooperativa brasileira de açúcar e etanol, o acréscimo de três pontos percentuais de etanol na gasolina pode gerar um aumento no consumo de combustível de cerca de 1,3 bilhões de litros. Isso significa que a mudança pode evitar a emissão de mais de 2,8 milhões de toneladas de dióxido de carbono (CO2) por ano no Brasil.
“O anúncio feito em Uberaba durante o lançamento da safra mineira de açúcar e etanol vai muito além da redução das importações do petróleo, sendo um passo fundamental para o Brasil descarbonizar ainda mais a sua matriz de transporte, tornando a mobilidade nas suas cidades mais limpa”, disse Luís Roberto Pogetti, presidente do conselho da Copersucar.
Para Pogetti, a utilização de etanol em veículos no país foi um dos grandes responsáveis pela diminuição da poluição nas cidades brasileiras nos últimos anos. Essa redução pode ocorrer tanto pela mistura de etanol e gasolina, quanto pelo seu uso ao abastecer veículos somente com o biocombustível.
“Um bom exemplo vem de São Paulo. Considerando que a cidade é uma das 10 cidades mais populosas do planeta e está entre as 50 com o pior trânsito do mundo, é normal esperar que ela se encontre entre as cidades mais poluídas. Entretanto, a capital paulista não aparece nem entre as 1500 cidades mais poluídas. A participação do etanol com mais de 40% da matriz de combustíveis de carros leves é um fator importante desta equação positiva para o meio ambiente e para a sociedade”, explicou.
Entenda os motivos da mistura
No Brasil, a adição do etanol na gasolina é uma obrigação legal dos distribuidores de combustíveis, determinada pela Lei N°8.723, de 1993. Entre o ano em que a Lei passou a vigorar no país e os dias de hoje, inúmeros decretos alteraram essa porcentagem, no entanto, atualmente a gasolina comum conta com 27% de etanol anidro.
Existem dois principais motivos para a mistura de etanol na gasolina, e o primeiro deles é o poder de explosão do álcool, que é menor que o da gasolina. Desta forma, o etanol ajuda a nivelar para que a gasolina entre em combustão corretamente. Além disso, a lei tem como objetivo controlar a emissão de gases poluentes no Brasil, já que o combustível fóssil é um dos grandes causadores do aquecimento global.