Governo eleito sinaliza que vai fazer alterações no sistema do Cadúnico
Em entrevista, ex-ministra que participa do grupo de transição disse que novo governo vai passar o ano de 2023 realizando alterações no Cadúnico
O governo do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está se preparando para realizar uma série de mudanças no sistema do Cadúnico. Esta é a lista do Governo Federal que reúne os nomes das pessoas que estão em situação de vulnerabilidade social. É a partir deste cadastro que o poder executivo seleciona os usuários para programas como o Auxílio Brasil e o vale-gás nacional.
Em entrevista para a emissora GloboNews na tarde desta terça-feira (15), a ex-ministra Tereza Campello, disse que será preciso fazer alterações no sistema do Cadúnico a partir do próximo ano. Campello foi ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome durante os anos do governo da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) e faz parte da atual equipe de transição do governo Lula.
“O governo tratou muito mal o Cadastro Único, congelou o Cadastro Único, criou um cadastro paralelo, criou um aplicativo paralelo e com isso gerou um conjunto de informações dos beneficiários e das pessoas que se tornaram pobres por conta da pandemia ou por conta da crise”, disse a ex-ministra durante a entrevista.
“Muita gente acha que existe uma fraude no cadastro, eu não vejo assim. As pessoas foram mal orientadas e mal informadas. Não tem rede de assistência social dando suporte para isso porque o Governo Federal ignorou a rede de assistência social. Então muitas pessoas começaram a se cadastrar individualmente. Então você tem hoje um cadastro muito problemático que tem que ser revisto”, seguiu Campello.
“Injustiça”
Na mesma entrevista, a ex-ministra disse também que julga que o atual formato do Auxílio Brasil seria “injusto”. Ela afirma que a ideia de pagar basicamente o mesmo valor para usuários que moram sozinhos e para aquelas famílias que moram com vários integrantes, não seria o melhor desenho para manter um programa de transferência de renda.
“Primeira grande questão: de fato o desenho do Auxílio Brasil não só é só injusto, porque ele trata o homem vivendo sozinho e em situação pobreza – e que precisa ter essa pobreza também aliviada – mas o trata da mesma forma que uma mãe com duas crianças pequenas, por exemplo, menores de três anos de idade”, disse ela.
“Essas duas famílias recebem R$ 600. O cadastro foi muito desorganizado. Então essa também será uma tarefa muito importante – que não é uma tarefa da transição. Nós estamos tentando recolher informações neste período de transição, levantando o tapete para saber o que é que tem de problema, o que é que tá escondido, o que foi mal feito”, seguiu ela.
Adicional de R$ 150 no Auxílio
Ao dizer que os dados do Cadúnico poderiam estar confusos, a ex-ministra foi perguntada sobre como a equipe de transição chegou à conclusão de que existem 9 milhões de crianças menores de seis anos de idade que estariam aptas ao recebimento do adicional de R$ 150, que pode ser pago pelo governo a partir do próximo ano.
“As informações em relação às crianças, estão relativamente atualizadas, na minha avaliação. Por que? Porque interessa para a família. Cada vez que uma criança nasce em uma família ainda em situação de pobreza, para que esta criança esteja cadastrada e seja reconhecida, ela tem que ter os documentos, que são entregues para compor o cadastro desta criança”, disse ela.
“Então, o número de crianças que nós temos em situação de pobreza nas famílias do Bolsa Família, na minha avaliação, este número é conhecido. Inclusive na época em que eu ainda era ministra, a gente desenvolveu um tabulador para saber qual é o número de crianças. É lógico que isto varia de um mês para o outro, mas os grandes números são conhecidos”, completou.