Gasolina: Petrobras sinaliza que não vai aumentar os preços

Gasolina: Petrobras sinaliza que não vai aumentar os preços

Mesmo após críticas, representantes da estatal dizem que é possível manter os preços da gasolina no patamar atual.

Há pouco mais de dois meses, a Petrobras tomou uma decisão que impactou o mercado financeiro e o bolso de muitos brasileiros. A empresa decidiu acabar com a Política de Paridade de Preços (PPI). De uma maneira geral, o governo deixou de considerar de forma imediata os preços do petróleo internacional para definir os valores da gasolina no Brasil.

Várias semanas depois daquela decisão, o que se vê nos postos de gasolina são os preços dos combustíveis sendo mantidos em um patamar alto, mas bem abaixo do que o praticado no mercado internacional. Na prática, o fim do PPI permitiu que os valores cobrados internamente não fossem imediatamente impactados por fatores externos.

Defasagem

Nas últimas semanas, esta situação virou um grande debate. Agentes do mercado financeiro destacam que o preço do barril de petróleo internacional vem subindo. Mas mesmo assim, a Petrobras não está repassando o aumento para o consumidor final. Na prática, estaria existindo, portanto, uma defasagem.

Mesmo com o aumento do petróleo internacionalmente, a abertura do pregão desta terça-feira (8) mostrou que o preço do diesel nas refinarias da Petrobras estava na casa dos R$ 1,03 abaixo do sistema de paridade de importação que é calculado pela Associação Brasileira de Importadores de Combustíveis (Abicom).

Trata-se do terceiro dia consecutivo com defasagem acima de R$ 1 por litro do diesel. No caso específico da gasolina, a diferença da defasagem chega a R$ 0,70 por litro, ainda tomando como base as informações da Abicom, que vem demonstrando preocupação com os efeitos desta defasagem.

Sinalização da Petrobras

Mas mesmo diante de todo este cenário, a Petrobras vem sinalizando por meio dos seus interlocutores, que a situação está sob controle. O diretor de Logística, Comercialização e Mercados da estatal, Claudio Schlosser, disse nesta terça-feira (8) em entrevista, que a empresa ainda consegue absorver os preços dos combustíveis.

“Hoje vivemos momento muito forte de volatilidade, mas entendemos que dentro da estratégia comercial ela é absorvida”, disse o executivo, durante uma conversa com representantes de vários setores da sociedade na cidade do Rio de Janeiro.

Ele lembrou neste evento que o fim do PPI não necessariamente indica que o Brasil vai deixar de considerar as movimentações internacionais. Contudo, ele frisou que a nova política de preços não prevê o repasse imediato dos aumentos das cobranças, como vinha acontecendo no sistema de Política de Paridade Internacional.

Segundo o diretor, a Petrobras também pode considerar, para além dos valores do petróleo internacional, outros movimentos como:

  • o custo de combustíveis concorrentes;
  • valor marginal de produção.
Gasolina: Petrobras sinaliza que não vai aumentar os preços
Petrobras diz que pode absorver preço do combustível. Imagem: Fernando Frazão/Agência Brasil

Queda de lucro

No final da última semana, a Petrobras anunciou um lucro de R$ 28,8 bilhões em lucro líquido no último trimestre. O número parece alto e representa o 10º maior lucro da história da empresa, mas ainda assim indica uma queda de 24,6% em relação ao que se registrou no trimestre anterior.

Imediatamente, vários críticos começaram a ligar a queda nos lucros ao processo de mudança no sistema do PPI. Para o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, no entanto, um ponto não teria qualquer relação com o outro.

“É bom que se diga que a queda se deve à variação do preço do petróleo tipo brent e das margens internacionais, especialmente a do diesel. Eu faço aqui essa colocação porque eu vi várias pessoas já imputando ou tentando atribuir o resultado à política de preço. É absolutamente desconexa essa linha de raciocínio. Nós tivemos uma queda brutal do brent. Estamos numa outra circunstância. Essa circunstância atinge por igual as nossas empresas-irmãs, tanto privadas quanto estatais”, explicou Jean Paul Prates.

 “Em termos de fluxo de caixa operacional, que é o faturamento menos despesas e custos, essas empresas caíram em média US$ 6,5 bilhões. Nós caímos abaixo da média, com US$ 4,9 bilhões. É como se a gente tivesse numa piscina cheia e de repente ficasse meia piscina e tivesse que nadar em um ambiente diferente. E nós desempenhamos melhor do que a média das nossas empresas-irmãs”, completou ele.

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