Publicado pela primeira em 1943, o romance “Fogo Morto” é considerado a obra prima do escritor José Lins do Rego. A obra recebe o nome de “fogo morto” porque essa expressão, no Nordeste, era usada para se referir a engenhos de cana-de-açúcar desativados.
Assim, através do título da obra o autor já aponta o tema principal do seu romance: a decadência dos engenhos de cana-de-açúcar no nordeste brasileiro. O engenho não é necessariamente apenas o lugar onde acontecem os fatos da história contada, pois José Lins do Rego aborda o engenho decadente como o protagonista de sua narrativa.
Com linguagem forte e poética, autor faz do engenho decadente a personagem central da obra, retratando a ascensão e o declínio da produção de cana-de-açúcar no Nordeste e a decadência de uma sociedade que dependia economicamente da atividade canavieira. Nesse sentido, a obra apresenta também elementos do cangaço e o fim da escravidão no país.
Com uma linguagem poética única, José Lins do Rego não abre mão do coloquialismo em “Fogo Morto”. A obra é repleta de expressões idiomáticas regionais, mantendo elementos da oralidade tão presentes no nordeste brasileiro. Com essa linguagem forte, o autor faz um registro único da vida nordestina. Assim, a obra é considerada pelos críticos uma das últimas que compõe o Neorrealismo Regionalista dos anos 1930.
O romance se passa no município de Pilar, na Zona da Mata paraibana, às margens do Rio Paraíba. Vale destacar que o autor nasceu em Pilar e foi criado em um engenho por seus avós, de modo que nessa obra o escritor apresenta elementos que fizeram parte de sua infância.
Narrado em 3ª pessoa, o romance é conta com três partes. Cada uma dessas partes conta com o seu próprio personagem central, como se fossem três histórias distintas.
Na primeira parte o protagonismo é de José Amaro, que vive com sua esposa e sua filha nas terras de Seu Lula, patrão de José Amaro. Sua filha acaba enlouquecendo e sendo internada e o comportamento sisudo do seleiro faz com que as pessoas inventem boatos sobre ele, de modo que sua esposa acaba fugindo e ele expulso do Engenho de Santa Fé, onde vivia.
Já na segunda parte, a narrativa tem como personagem central Luís César de Holanda Chacon, Seu Lula. Para contar a história de Seu Lula, o autor recua no tempo cronológico da narrativa para a época da construção do Engenho de Santa Fé. Assim, o narrador conta como o engenho chegou às mãos de Seu Lula por meio da herança de seu sogro. Sendo um senhor de engenho autoritário, com sua má gestão, Seu Lula colaborou para a decadência do Engenho de Santa Fé.
Por fim, na terceira parte, a narrativa tem como protagonista o Capitão Vitorino. Essa parte do enredo traz muita ação a partir das ações do capitão Antônio Silvino. Este, além de invadir a cidade do Pilar, saqueia as casas e lojas, invade o engenho Santa Fé e ameaça os moradores em busca do ouro escondido. É aqui que entra Vitorino, que tenta defender o engenho e fazer justiça, mas acaba apanhando dos cangaceiros e também da polícia.
Entre as personagens principais, além das já citadas, figuram: Coronel José Paulino, Sinhá e Marta, Amélia, Adriana e Tenente Maurício.
Nascido em 1901, na Paraíba, José Lins do Rego foi um importante escritor e poeta brasileiro de sua época. O autor escrever importantes de premiadas obras que se inserem no regionalismo brasileiro, como “Menino de Engenho“, por exemplo, que ganhou o Prêmio da Fundação Graça Aranha.
Apesar de ser se formado em Direito, o seu principal ofício era a escrita e teve reconhecimento por sua vasta e importante obra, tendo sido eleito para ocupar a cadeira nº 25 da Academia Brasileira de Letras.
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