Fiocruz divulga documento considerando prematuro retorno das aulas no Rio
O documento alerta que a abertura de escolas, mesmo apenas da rede particular, colocaria em circulação milhares de pessoas
A intenção da prefeitura do Rio de Janeiro de retomar parte das atividades escolares em agosto não conta com o apoio de professores e funcionários, e também não é recomendada pela Fundação Oswaldo Cruz. A Escola Nacional de Saúde Pública da Fiocruz divulgou um documento considerando o retorno prematuro nesse momento, com o risco de nova escalada nos números de casos e de mortes por Covid-19.
No texto, os pesquisadores da Fundação explicam que o Brasil se encontra em um platô, ainda sem sinais de descida no número de contaminações, e que o município do Rio, especificamente, apesar da queda que vem apresentando desde maio, ainda tem uma taxa de contágio acima da ideal.
O documento alerta, ainda, que a abertura de escolas, mesmo apenas da rede particular, colocaria em circulação milhares de pessoas; e cita que, outros países que já reabriram unidades de ensino de forma escalonada, têm um quadro de menos casos e mais testagem na população.
Os pesquisadores recomendam que o plano de reabertura tenha três momentos, antes mesmo das escolas funcionarem, começando pelo monitoramento durante a abertura, com a possibilidade de retorno ao isolamento diante de complicações. Outra sugestão prevê protocolos rígidos de controle e atenção redobrada para alunos especiais, além de política de abordagem psicossocial e saúde mental.
Na segunda-feira (20), o prefeito Marcelo Crivella anunciou que algumas escolas particulares demonstraram a intenção de retomar as atividades voluntariamente no próximo mês, mas que a data de retorno na rede pública seria definida nesta semana. Após a quarta reunião do grupo de trabalho da prefeitura para discutir o assunto, realizada na segunda-feira, professores destacaram que mesmo a proposta inicial da Secretaria Municipal de Educação, de retorno apenas das equipes gestoras às escolas em agosto, é vista com receio pela possibilidade de gerar aglomeração.
A diretora do Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação, o Sepe, Maria Eduarda Quiroga, conta que a prefeitura apresentou a proposta de que diretores, coordenadores e professores orientadores voltem às unidades no próximo mês para organizar o retorno.
A reunião do grupo de trabalho da prefeitura discutiu também a proposta de retomar primeiro as aulas para turmas do 9º ano, a série final oferecida pela rede municipal, com revezamento entre os estudantes e tempo reduzido na escola, mas ainda sem data definida. Uma nova reunião está marcada para esta quarta-feira (22). *Informações da Rádio Agência Nacional.