O debate sobre o saque-aniversário do FGTS tem ganhado força no Brasil, especialmente com as recentes declarações do ministro do Trabalho, Luiz Marinho. Implementado em 2019, essa modalidade permite que os trabalhadores retirem uma parte do saldo do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço anualmente, no mês de seu aniversário.
Apesar de sua popularidade, com milhões de brasileiros aderindo à prática, o saque-aniversário tem sido alvo de críticas e questionamentos sobre sua efetividade e impacto econômico. Mas, será que o Fundo de Garantia será mesmo bloqueado a partir de agora?
O saque-aniversário permite que os trabalhadores retirem anualmente uma parte do saldo disponível em suas contas do fundo. A porcentagem que pode ser sacada varia de acordo com o montante disponível, podendo chegar até 50% do saldo. Desde a sua criação, a modalidade foi vista como uma forma de proporcionar um alívio financeiro aos trabalhadores, permitindo acesso mais frequente aos recursos do FGTS.
Luiz Marinho, que assumiu o Ministério do Trabalho em 2023, tem defendido o fim do saque-aniversário, argumentando que ele enfraquece o FGTS e penaliza o trabalhador. Marinho aponta que essa modalidade, introduzida durante o governo anterior, cria uma distorção no fundo de garantia.
De acordo com o ministro, isso impede que trabalhadores demitidos possam acessar o saldo integral de suas contas, prejudicando sua estabilidade financeira em momentos críticos. As mudanças propostas pelo ministro têm como objetivo corrigir essas distorções e garantir um uso mais justo e eficiente do FGTS.
A defesa de Marinho pelo fim do saque-aniversário também está alinhada com a proposta de reestruturar as opções de crédito consignado, que atualmente utilizam o saldo do fundo como garantia. Segundo o ministro, o fim dessa modalidade pode abrir caminho para alternativas mais benéficas para os trabalhadores, sem comprometer a sustentabilidade do fundo de garantia.
Luiz Marinho tem sido um crítico fervoroso do saque-aniversário, alegando que ele enfraquece o propósito original do FGTS. Criado em 1966, o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço foi concebido para ser um fundo de proteção ao trabalhador, especialmente em situações de demissão sem justa causa, proporcionando uma reserva financeira que pudesse ser utilizada em momentos de necessidade.
Marinho argumenta que, ao permitir retiradas anuais, o saque-aniversário reduz significativamente o saldo disponível para esses momentos críticos, comprometendo a segurança financeira dos trabalhadores.
Além disso, Marinho destaca que o saque-aniversário cria uma situação punitiva para os trabalhadores. Aqueles que optam por essa modalidade e posteriormente são demitidos ficam impedidos de sacar o saldo remanescente do FGTS por até dois anos. Isso significa que, mesmo em situações de necessidade extrema, esses trabalhadores não têm acesso total aos seus recursos, aumentando a vulnerabilidade financeira.
A abolição do saque-aniversário pode ter impactos significativos tanto para os trabalhadores quanto para a economia em geral. Atualmente, milhões de brasileiros utilizam essa modalidade, movimentando bilhões de reais anualmente. A interrupção do saque-aniversário poderia resultar em uma queda temporária na liquidez disponível para consumo imediato, afetando setores que dependem diretamente desses recursos.
Por outro lado, a mudança também poderia fortalecer o FGTS como um fundo de investimento, aumentando os recursos disponíveis para financiamentos habitacionais, saneamento e infraestrutura. Essas áreas são cruciais para o desenvolvimento econômico de longo prazo e podem gerar empregos e melhorias na qualidade de vida da população.
As propostas de Luiz Marinho têm gerado reações mistas. Enquanto alguns especialistas e trabalhadores apoiam a ideia de um FGTS mais robusto e menos suscetível a retiradas frequentes, outros temem a perda de uma importante fonte de recursos financeiros imediatos. O debate promete ser intenso no Conselho Curador do FGTS e no Congresso Nacional, onde as mudanças precisarão ser discutidas e aprovadas.
O próximo passo será a apresentação formal da proposta de Marinho ao Conselho Curador do FGTS. O ministro tem enfatizado que a transição será feita de maneira gradual e respeitosa, garantindo que contratos vigentes não sejam interrompidos abruptamente. A expectativa é que, com uma reestruturação cuidadosa, o FGTS possa continuar cumprindo seu papel de proteção ao trabalhador enquanto contribui para o desenvolvimento econômico do país.