Os números do mercado de trabalho estão cada vez mais positivos no país. De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD Contínua), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a taxa de desocupação ficou em 8,3% entre março e maio deste ano.
Em resumo, essa é a menor taxa para um trimestre encerrado em maio desde 2015, quando a taxa de desemprego também ficou em 8,3%. Contudo, vale destacar que a redução não aconteceu devido ao aumento no número de pessoas empregadas no país.
“Esse recuo no trimestre foi mais influenciado pela queda do número de pessoas procurando trabalho do que por aumento expressivo de trabalhadores. Foi a menor pressão no mercado de trabalho que provocou a redução na taxa de desocupação“, explicou Adriana Beringuy, coordenadora de Pesquisas por Amostra de Domicílio do IBGE.
A propósito, a taxa de desocupação caiu 0,3 ponto percentual (p.p.) em relação ao trimestre móvel anterior (8,6%). Já na comparação com o trimestre móvel de março a maio de 2022 (9,8%), a taxa caiu 1,5 p.p., o que indica uma melhora ainda maior do mercado de trabalho brasileiro.
Vale destacar que a população desocupada totalizou 8,9 milhões de pessoas no trimestre móvel de março a maio deste ano. Isso representa uma queda de 3,0% em relação ao trimestre móvel anterior (menos 279 mil pessoas) e uma redução de 15,9% em um ano (menos 1,7 milhão de pessoas desocupadas).
Apesar das fortes quedas, os números continuam muito elevados. Ainda assim, os dados da população desocupada refletem a melhora na condição do mercado de trabalho do país em relação a 2022. Contudo, as dificuldades no país ainda são grandes.
População ocupada cresce em um ano
A PNAD Contínua revelou outros dados referentes aos primeiros meses do governo Lula. A saber, a população ocupada somou 98,4 milhões entre março e maio, número estável em relação ao trimestre móvel anterior.
“Embora não tenha havido uma expansão significativa da população ocupada total no trimestre, houve algumas diferenças pontuais em algumas atividades econômicas“, avaliou Beringuy.
“A maioria ficou estável, mas foi observada queda do número de trabalhadores na Agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura (-1,9%, ou menos 158 mil pessoas) e expansão Administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais (2,5%, ou mais 429 mil pessoas)“, explicou.
A pesquisadora ressaltou que o crescimento de pessoas ocupadas no grupamento de administração pública ocorreu devido ao segmento de educação. Além disso, a inserção de trabalhadores sem carteira assinada ajudou a impulsionar os números no período.
Na comparação com o trimestre de março a maio de 2022, houve um crescimento de 0,9% da população ocupada (mais 884 mil pessoas).
A PNAD ainda mostrou que o nível de ocupação ficou estimado em 56,4%, taxa estável tanto na comparação trimestral quanto na anual. A propósito, nível de ocupação se refere ao percentual de pessoas ocupadas na população em idade de trabalhar.
População desalentada recua no Brasil
O levantamento do IBGE ainda revelou que a população desalentada no Brasil somou 3,7 milhões no período. Esse número caiu 6,2% em relação ao trimestre móvel anterior (menos 244 mil pessoas) e 14,3% em um ano (menos 621 mil pessoas).
O IBGE explica que a população desalentada é formada por pessoas que estavam fora da força de trabalho do país devido a alguma das seguintes razões:
- Não conseguia trabalho;
- Não tinha experiência profissional;
- Era muito jovem ou muito idoso;
- Não encontrou trabalho na localidade onde mora;
- Não teria condições de assumir a vaga caso conseguisse o trabalho.
Em outras palavras, os desalentados do país formam a parte da força de trabalho potencial. Isso quer dizer que eles poderiam trabalhar, mas não o fizeram devido a circunstâncias específicas.
Os dados também mostraram que o percentual de desalentados na força de trabalho atingiu 3,4% entre março e maio de 2023. Na comparação trimestral, o nível caiu 0,2 p.p., enquanto a queda na base anual a queda chegou a 0,5 p.p.
Entenda a PNAD Contínua
De acordo com o IBGE, a PNAD Contínua acompanha as variações trimestrais e a evolução da força de trabalho no Brasil. Isso acontece em médio e longo prazo através de coleta, em âmbito nacional, de informações necessárias para o estudo do desenvolvimento socioeconômico do país.
Em síntese, a implantação da PNAD Contínua aconteceu em outubro de 2011, alcançando o caráter definitivo em janeiro de 2012. A PNAD também divulga informações mensais e anuais, além das trimestrais, sobre força de trabalho no país, desemprego, entre outros pontos.
Os analistas do mercado ficam atentos a esses dados para traçarem possíveis resultados futuros relacionados ao mercado de trabalho brasileiro.