Ex-presidente da Petrobras detona fim do PPI. "Não vai mudar"

Ex-presidente da Petrobras detona fim do PPI. “Não vai mudar nada”

Na avaliação de Joaquim Silva e Luna, fim do PPI não deve ter muito impacto no preço final pago pela gasolina

Quando a Petrobras anunciou o fim da Política de Paridade Internacional (PPI), muitos setores da sociedade comemoram. Os mais entusiastas afirmam que a partir de agora os preços dos combustíveis devem ser reduzidos para o consumidor final. Contudo, há quem acredite que a simples mudança na definição do sistema não vai surtir tanto efeito assim.

Entre os mais pessimistas está o ex-presidente da Petrobras, Joaquim Silva Luna. Ele comandou a estatal entre abril de 2021 e março de 2022, quando foi substituído justamente em meio aos pedidos de redução nos preços do combustível. Fora do cargo, ele alega agora que a nova medida do Governo Federal quase não terá impacto no sistema de definição dos valores ao consumidor final.

“O fim do PPI é uma grande mentira e não muda nada. Ele (o PPI) era apenas uma das referências”, disse o ex-presidente da Petrobras. “Há uma conjuntura de preços conspirando a favor do governo, mas a redução anunciada ontem (terça, 16) pela Petrobras já era aguardada havia pelo menos uma semana”, disse ele.

Luna está se referindo ao processo de redução no preço internacional do barril de petróleo. Assim como ele, outros analistas também dizem que a redução do preço dos combustíveis no Brasil estaria mais ligada a este fato, do que necessariamente ao fim do PPI estabelecido nesta semana pela Petrobras.

“É puro discurso do governo. Há diversas variáveis na composição do preço e a PPI era uma dessas referências. Petróleo é uma commodity e, é bom lembrar, o Brasil não é autossuficiente”, disse o ex-presidente da estatal em entrevista ao portal Uol. O Governo Federal não respondeu as críticas de que estaria apenas se aproveitando de uma retórica.

“Redução de preços tem que ser avaliada de forma cautelosa e conforme a conjuntura. Não somos autossuficientes. Além do risco de desabastecimento, há o receio de que a Petrobras passe a importar mais caro e vender mais barato, o que vai acabar dando prejuízos e processos”, afirmou o general.

Durante a gestão de Silva e Luna, os preços da gasolina dispararam 32% e o do diesel mais de 50%. Vale lembrar que ele presidiu a estatal no mesmo contexto de aumento nos preços do barril de petróleo.

Governo avalia como positivo fim do PPI

Seja por causa do fim do PPI ou da queda do petróleo internacionalmente, o fato é que o Governo Federal pretende usar as reduções dos combustíveis politicamente. De acordo com informações de bastidores, a avaliação interna do Palácio do Planalto é de que a redução vai fazer com que a popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) seja elevada sobretudo na classe média.

Pesquisas recentes de popularidade divulgadas por institutos como Datafolha, Quaest e CNT mostram que o petista ainda tem uma alta rejeição no grupo de pessoas que recebem entre dois e cinco salários mínimos. A ideia é que a redução nos preços possa ajudar a frear esta barreira.

Além disso, com a medida o Governo espera conseguir mais apoio do Congresso Nacional. A avaliação é de que os parlamentares não tenham coragem de se posicionar contra um presidente que deseja reduzir os preços dos combustíveis.

Haddad prevê queda da inflação

O Ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT) vai além e afirma que o fim do PPI poderá ser positivo para a queda da inflação. De acordo com ele, a expectativa é que os preços dos produtos seja reduzido de maneira imediata.

“Com as mudanças da política de preços da Petrobras, com o dólar em queda e petróleo em queda, você consegue acomodar isso (os preços) sem provocar pressão inflacionária. Pelo contrário, vai ajudar no combate à inflação, sem desorganizar as contas dos governadores”, disse o Ministro da Fazenda.

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