A inflação é uma preocupação constante para todos os cidadãos, mas seus efeitos podem variar significativamente dependendo do grupo demográfico. Confira apontamentos importantes!
Entenda o diferente impacto da inflação nos gastos dos aposentados
Recentemente, foi observado que a inflação dos aposentados teve um comportamento diferente em comparação com a do consumidor comum. De acordo com o IPCA Aposentados, um índice calculado mensalmente pelo Instituto de Longevidade, a inflação para os aposentados aumentou a um ritmo mais lento em agosto, em comparação com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), sendo esse o índice que mede a inflação oficial do país.
Uma análise dos números
Em agosto, o IPCA Aposentados apresentou um aumento de 0,16% em relação ao mês anterior, enquanto o IPCA subiu 0,23%, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Em suma, no acumulado dos últimos 12 meses, o índice que avalia o impacto da inflação sobre os aposentados aumentou 4,6%, igualando-se à variação do IPCA, após quase um ano de variações superiores.
Entendendo as diferenças
Gleisson Rubin, diretor-executivo do Instituto de Longevidade, explica que a razão por trás da criação de um índice específico para calcular como a inflação afeta os aposentados é a compreensão de que o peso de certos itens impacta de maneira diferente o orçamento dessa população.
O crescimento da população de aposentados
Adicionalmente, é importante notar que a quantidade de aposentados tem aumentado progressivamente no Brasil. Gleisson Rubin observa que atualmente, 15% da população brasileira possui 60 anos de idade ou mais, em contraste com os 7% registrados em 2010. Isso reflete um crescimento significativo na proporção de idosos na sociedade.
Conforme informações do Ministério da Previdência Social de janeiro deste ano, estima-se que o país abrigue cerca de 38 milhões de aposentados, pensionistas e beneficiários do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
O perfil de consumo diferenciado
O cálculo do IPCA pelo IBGE considera um perfil “padrão” de uma família brasileira típica, com pais em idade economicamente ativa e dois filhos em idade escolar. Em resumo, essa abordagem determina o peso de itens como habitação, educação e alimentação no consumo familiar.
No entanto, esse perfil de consumo difere quando há a presença de um membro aposentado na família ou quando o provedor do lar é uma pessoa aposentada.
Variações nos gastos com transporte
Por exemplo, uma família sem aposentados geralmente gasta mais em transporte, seja para ir ao trabalho, levar os filhos à escola ou usar o transporte público. Já os aposentados, frequentemente, não têm mais filhos em idade escolar e podem usufruir da gratuidade no transporte público, já que muitas cidades não cobram passagens de pessoas com mais de 65 anos.
Dessa forma, essa característica de consumo faz com que o componente transporte tenha um peso menor para os aposentados em comparação com a população economicamente ativa.
As complexidades da tarifa de energia
Em contrapartida, a tarifa de energia elétrica, que faz parte do item “Artigos de residência,” foi o “vilão da inflação” em agosto. Enquanto no IPCA convencional a alta foi de 0,3% no acumulado de 12 meses, para os aposentados, foi o dobro: 0,6%.
Os meses críticos para os aposentados
Gleisson Rubin observa que a inflação para os aposentados pode ter seus “piores” momentos em março e abril, quando o governo autoriza reajustes nos planos de saúde e medicamentos. Durante esse período, a inflação acumulada no componente saúde chega a ser três vezes maior que a do índice geral.
Em suma, isso ocorre porque a família “padrão” considerada pelo IBGE recorre menos a serviços de saúde, tem planos de saúde mais acessíveis e faz uso de medicamentos em menor quantidade e frequência do que os aposentados.