Os brasileiros receberam uma grande notícia nesta segunda-feira (5). Isso porque o percentual de endividamento das famílias do país recuou pelo quinto mês consecutivo e atingiu o menor patamar desde fevereiro de 2022, ou seja, em quase dois anos.
Em outras palavras, a quantidade de pessoas sofrendo com dívidas e contas atrasadas continua caindo no país. Essa queda na proporção de endividados é um reflexo da melhora da renda entre os consumidores de renda mais baixa, que passaram a ter mais condições financeiras para honrar seus compromissos.
“O progresso do mercado de trabalho, mesmo em menor escala, com a maior contratação esperada neste período de fim de ano, vem favorecendo os orçamentos domésticos, indicando que menos pessoas estão recorrendo ao crédito, pois estão conseguindo arcar com as dívidas correntes“, afirmou o presidente da CNC, José Roberto Tadros.
Embora os dados sejam positivos, os números continuam muito elevados no país. Em novembro, o endividamento atingiu 76,6% das famílias do país. O número 0,3 ponto percentual (p.p.) em relação a outubro (76,9%) e 2,3 p.p. em comparação com novembro de 2022 (78,9%).
No ano passado, o Brasil teve o maior percentual de endividados já registrado pela Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), mas a situação financeira das famílias do país está melhorando gradativamente em 2023.
Endividamento continua elevado no país
De acordo com a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), responsável pela Peic, o endividamento perdeu força no país nos últimos meses, mas continua muito elevado.
Em suma, o percentual de endividamento cresceu fortemente no Brasil em 2021, refletindo o impacto da pandemia da covid-19, e a trajetória continuou subindo em 2022, até alcançar o seu ponto máximo em setembro do ano passado (79,3%).
O cenário desafiador em que o país se encontrava, com a inflação elevada, pressionou o Banco Central (BC) a aumentar os juros no país, reduzindo o poder de compra do consumidor.
Entre março de 2021 e agosto de 2022, o BC elevou 12 vezes consecutivas a taxa básica de juro da economia, a Selic. Com isso, a taxa chegou a 13,75% ao ano, maior percentual desde novembro 2016. Contudo, no início de agosto, o BC realizou o primeiro corte dos juros em três anos, e já promoveu outras duas reduções, em setembro e novembro.
Variação do endividamento entre as faixas de renda
Segundo a Peic, os consumidores que tiveram as maiores taxas de endividamento em novembro foram os de renda mais baixa e de renda elevada. Por outro lado, os consumidores com os maiores rendimentos tiveram percentuais menores no mês passado, mas ainda bastante elevados.
Veja os percentuais de endividamento por faixa de renda em novembro:
- Renda de 0 a 3 salários mínimos: 77,5%;
- Renda de 3 a 5 salários mínimos: 76,9%;
- Renda de 5 a 10 salários mínimos: 77,7%;
- Renda superior a 10 salários mínimos: 74,9%.
No mês passado, o endividamento caiu 1,2 p.p. para as famílias que recebiam até 3 salários mínimos, maior recuo entre as faixas de renda. Esse resultado fortaleceu a trajetória negativa no país. Aliás, as famílias que recebiam de 3 a 5 salário mínimos tiveram queda de 0,3 p.p. no mês, quatro vezes menor que a das famílias de menor rendimento.
Em contrapartida, as famílias com renda de 5 a 10 mínimos registraram forte crescimento de 2,8 p.p. do endividamento em novembro. Ainda assim, a maior parte destes consumidores (35,0%) se considera “pouco endividada”. Já a faixa mais elevada apresentou o mesmo percentual observado nos dois meses anteriores.
Inadimplência também recua em novembro
Da mesma forma que aconteceu com o endividamento, o número de famílias inadimplentes também encolheu em novembro no país. Segundo os dados da Peic, quase três em cada dez famílias estavam com dívidas atrasadas no país.
A taxa chegou a 29,0% no mês passado, recuando em relação à taxa de inadimplência registrada em outubro (29,7%). O número também é menor que o observado em novembro de 2022 (30,3%).
As quedas de endividamento e inadimplência nos últimos meses estão sendo possíveis graças a diversos fatores. De acordo com o economista-chefe da CNC e responsável pela pesquisa, Felipe Tavares, o programa Desenrola ajudou muito a reduzir os números no país..
“O percentual alcançou 29%, representando o menor patamar desde junho de 2022. O número de pessoas que afirmaram não ter condições de pagar dívidas de meses anteriores recuou para 12,5%, mas continua superior ao nível de novembro do ano passado. A queda, embora ainda pequena, traz um importante indício de eficácia do programa Desenrola“, disse.
Cartão de crédito impulsiona endividamento
A Peic ainda revelou quais foram os principais tipos de dívidas dos consumidores do país em novembro. Veja abaixo os percentuais registrados:
- Cartão de crédito: 87,7%;
- Carnês: 16,7%;
- Crédito pessoal: 9,2%;
- Financiamento de carro: 8,1%;
- Financiamento de casa: 8,0%;
- Crédito consignado: 5,4%;
- Cheque especial: 4,8%;
- Outras dívidas: 2,7%;
- Cheque pré-datado: 0,5%.