O presidente Jair Bolsonaro (PL) se reuniu com banqueiros do país na última segunda-feira (8) e pediu para que eles baixassem a estimativa de juros do consignado do Auxílio Brasil. Em tese, cada instituição financeira tem o poder de definir a sua taxa. Parte do Palácio do Planalto está preocupada com o alto nível exigido até aqui.
A informação de que Bolsonaro pediria pela diminuição da taxa de juros já havia sido adiantada pela imprensa antes mesmo da reunião. Jornais afirmaram que o Governo Federal pretende passar a imagem de que não tem qualquer relação com as possíveis dívidas que os mais pobres possam vir a acumular com a solicitação do crédito.
Esta é a primeira vez que o Governo Federal reconhece publicamente que o consignado do Auxílio Brasil pode ser uma manobra perigosa para os mais humildes. Em entrevistas, aliados do presidente Jair Bolsonaro afirmam que se a taxa de juros for muito alta, as pessoas mais pobres podem se comprometer rapidamente em um curto espaço de tempo.
“O empréstimo consignado para os beneficiários do Auxílio Brasil precisa ser com juros que não coloquem essa população mais vulnerável em dificuldades. O momento atual pede união de todos, e tenho certeza de que os bancos pensam no bem no Brasil”, disse o Ministro chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, que acompanhou Bolsonaro no encontro.
Ainda não é possível saber qual será a reação dos bancos depois da reunião dos seus representantes com o presidente Jair Bolsonaro. Antes do encontro, a avaliação em torno do consignado do Auxílio Brasil era mista. Parta das instituições financeiras já anunciavam que iriam oferecer e outra parte, anunciou que não dará o crédito.
O banco Bradesco, por exemplo, já deixou claro que não participará do processo do consignado do Auxílio Brasil. Em uma declaração, o presidente da instituição, Octavio de Lazari Júnior, disse que o sistema poderia ser prejudicial aos mais pobres.
“Não se trata de uma aposentadoria ou pensão, mas um benefício a pessoas que estão em dificuldades. Portanto, o Bradesco não vai operar nessa carteira. Estamos falando de cidadãos vulneráveis”, disse Lazari.
Do outro lado da história, o banco Agi já disse por meio de nota que oferecerá o consignado do Auxílio Brasil. A instituição elogiou o sistema de liberação do dinheiro para a população mais pobre, considerando o atual momento econômico do país.
“(o consignado do Auxílio Brasil)representa a possibilidade de acesso ao crédito a milhões de brasileiros que precisam do recurso para realizar algum projeto específico ou até mesmo para as demandas básicas do dia a dia. Entendemos ser um importante mecanismo de inclusão financeira para esse público”, diz a nota da instituição.
O consignado do Auxílio Brasil é uma espécie de crédito que o usuário do programa pode solicitar se assim desejar. Logo depois, ele passa a ter que pagar a dúvida na forma de descontos mensais automáticos de até 40% no valor do projeto.
Dessa forma, o usuário passa a receber menos dinheiro do Auxílio Brasil até que consiga pagar a dívida por completo. Vale lembrar que ninguém é obrigado a pedir o crédito. No final das contas, a decisão é sempre do beneficiário.