EJA: escolas de Sergipe se reinventam para dar aula à distância
Unidades apostam em diversos formatos de ensino para evitar a evasão escolar de estudantes
As unidades de ensino da Rede Estadual de Sergipe que ofertam a Educação de Jovens e Adultos (EJA) estão tendo que se reinventar diante da oferta do ensino não presencial neste período de distanciamento social. Para chegar aos estudantes, as escolas utilizam de uma série de recursos tecnológicos. Exemplos disso são o Centro de Referência em Educação de Jovens e Adultos Prof. Severino Uchôa e o Colégio Estadual 24 de Outubro, ambos em Aracaju.
No Severino Uchôa, a coordenação encaminhou propostas utilizando grupos do WhatsApp da escola para auxiliar a comunicação e aproximação entre professores e equipe diretiva. Esta ação teve o intuito de promover o alinhamento das ações pedagógicas.
A diretora Rosigleide Andrade relata que foram criados grupos com alunos também, separados por turmas, e com apoio dos professores, coordenadoras e intérpretes de Libras. Ela explica que, ao montar as aulas e atividades, os professores pensaram no tempo em que os alunos se dedicariam aos estudos. Então foram planejados horários predefinidos para estudos de duas a três horas de aulas por dia. Desta forma, o planejamento leva em consideração a quantidade de aulas que as disciplinas têm por semana.
Ela conta também que os professores pensaram no perfil de seus alunos na hora de planejar e adotar diferentes estratégias para disponibilizar conteúdos, realizar atividades e sanar dúvidas. Os conteúdos estão sendo disponibilizados por meio de recursos digitais e físicos, como videoaulas, jogos, vídeos, filmes, podcasts, livros didáticos, leituras de livros paradidáticos, imagens, textos em PDF, entre outras atividades que auxiliam os trabalhos dos professores e tornam o aprendizado mais dinâmico.
Os professores enviam um objeto de conhecimento uma vez por semana e solicitam as atividades com explicações e encaminhamentos para que sejam feitos os exercícios. Alguns utilizam questionários através da ferramenta Google Forms.
“Nós nos preocupamos desde o início para que não houvesse evasão escolar. Começamos a realizar essas atividades e trabalhar com os alunos utilizando diversas plataformas. Após a publicação da Portaria n° 2235/2020, vimos que o melhor canal para chegar aos alunos seria o WhatsApp. Eles ficaram bastante animados pela possibilidade de ter esse acesso aos professores. Os estudantes receberam isso de forma muito positiva, e estamos tendo a adesão da grande maioria dos alunos, que estão muito empolgados”, disse a diretora. A portaria em questão regulamenta a oferta de Atividades Escolares Não Presenciais.
Outras experiências
No Colégio Estadual 24 de Outubro, a equipe diretiva e os professores adotaram a estratégia de buscar fazer o máximo pelos alunos. Foi elaborada uma carga horária diluída em diferentes recursos e redes de acesso, como grupos de WhatsApp, Google Classroom, Google Meet e também atividades escritas. Segundo a diretora, Ivone de Moraes, cada aluno aprende de uma maneira diferente.
“É essencial apostar em pelo menos três formatos para alcançar o maior número possível. Não existia um plano educacional ou administrativo para casos assim; no entanto, estamos esperançosos de que nós sairemos bem nesta experiência”. Ela explica que alguns alunos não têm acesso à internet e, para eles, a escola está entregando todos os materiais e atividades para estudos, não deixando ninguém de fora do processo de aprendizagem.
No Colégio Estadual Coronel Maynard Gomes, em Porto da Folha, a equipe diretiva enfatiza que a Educação de Jovens e Adultos sempre foi uma modalidade à qual a escola dedica uma maior atenção, levando em consideração as singularidades que os jovens e adultos apresentam. A coordenadora Verônica Carvalho explica que, na construção das aulas não presenciais, a unidade de ensino pensou em alternativas para oferecer as condições necessárias ao acesso desse público às atividades preparadas pelos professores. “Montamos duas propostas de atividades, uma para os alunos que têm acesso à internet, que são as aulas digitais, e outra para os que não têm acesso, as aulas físicas”, disse.
Nas aulas, recursos digitais foram montados como salas virtuais na plataforma Google Classroom, pensando em uma alternativa mais organizada, com mais recursos educacionais. Posteriormente, as atividades foram migradas para o WhatsApp, no qual foram criados grupos por turma, e os professores postam suas aulas e atividades, obtendo também as devolutivas.
Nas aulas com recursos físicos, a escola disponibiliza todo material postado pelo professor de forma impressa, com todas as orientações necessárias para que esses alunos consigam fazer as atividades, oferecendo auxílio via telefone, caso o estudante sinta necessidade. “Ainda na perspectiva de flexibilização, diminuímos a carga horária semanal dos componentes curriculares, a quantidade de aulas de uma semana foi dividida em quatro semanas, isso para facilitar a compreensão dos conteúdos”, explicou a coordenadora.
A frequência dos alunos que têm acesso à internet é feita a partir das devolutivas das atividades. Os que não têm acesso são contabilizados a partir da busca do material na escola. “A impressão do material é feita tomando todas as medidas protetivas. As atividades são impressas na escola, colocadas em sacos plásticos e distribuídas a partir de um cronograma, no qual cada turma tem seu horário específico para buscar esse material, visando à não aglomeração. Todo êxito obtido é fruto de um trabalho coletivo e de muita vontade de dar certo. Nossa equipe diretiva, apoio e professores compraram essa luta para ofertar condições favoráveis aos nossos alunos”, declarou.
A diretora do Departamento de Educação (DED), professora Ana Lúcia Lima, declarou que “é fundamental diversificar as experiências de aprendizagem dos estudantes. A diversidade de suportes e métodos pode apoiar a criação de uma rotina positiva para os alunos, sejam eles crianças, adolescentes ou adultos, garantindo pelo menos o mínimo de estabilidade e conforto frente ao cenário de tantas mudanças”.
Para o coordenador do Serviço de Educação de Jovens e Adultos (Seja/DED), professor Ibernon Macena, “há diferentes maneiras de estimular a aprendizagem de modo remoto e, se bem estruturadas, as atividades educacionais serão capazes de cumprir mais do que a função puramente acadêmica, pois estar próximo desses alunos, mesmo que por meio das tecnologias, os fará entenderem a importância que cada um deles tem para a escola e para a Rede de Ensino. O momento é desafiador, porém nos trará grandes aprendizados”.