Primeiro aluno surdo na história da UFPE defende tese de doutorado

Ele precisou atravessar diversos obstáculos para aplicar o seu conhecimento na sala de aula e desenvolver sua pesquisa

O estudante Marcelo Amorim se tornou o primeiro aluno surdo na história da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), fundada em 1946, a defender uma tese de doutorado e ser aprovado. Amorim ocupa atualmente o cargo de professor do curso de Letras Livras da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

Ele foi o primeiro aluno surdo a ingressar no programa de pós-graduação do Centro de Informática, e conta que não foi um processo fácil. Ao longo de sua jornada, Amorim percebeu então que não era a única pessoa que encontrava dificuldades no desenvolvimento das atividades acadêmicas. Ele precisou atravessar diversos obstáculos para aplicar o seu conhecimento na sala de aula e desenvolver sua pesquisa.

O projeto de sua tese de doutorado tem como título “Acessibilidade de Ambientes Virtuais de Aprendizagem: Uma Abordagem pela Comunicabilidade para Pessoas Surdas”. No início de sua pesquisa, ele fala que precisou recorrer a outras instâncias para conseguir um intérprete na universidade. “Foi um momento que envolveu vários passos até que eu pudesse de fato ser um aluno da pós-graduação”, diz o doutor.

A conclusão do projeto demonstra o quanto a comunicabilidade na educação a distância, voltada para uma acessibilidade aos surdos está ainda em evolução. A tese tem como produto um guia visual para orientar as pessoas com deficiência auditiva a usarem o ambiente virtual para a educação e efetivamente usar a inclusão.

Entre 2010 a 2012, período em que estava no mestrado, Amorim lembra que não existia acessibilidade linguística. Porém, mesmo com a falta de um intérprete de Libras, ele não desanimou e criou estratégias para solucionar a parte burocrática do processo de apoio e acessibilidade quanto à parte social de convívio com alunos e professores.

O resultado do mestrado foi o desenvolvimento de um aplicado chamado ProDeaf, feito com um grupo de aluno para ajudar a comunicação e acessibilidade dos surdos. “O porjeto nasceu da necessidade de romper a barreira de comunicação entre alunos ouvintes e surdos, já que eu também tinha dificuldade de me comunicar com meus colegas em sala de aula”, disse o doutor.

Fonte: Folha de Pernambuco

 

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