Será que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) de fato dá ouvido a Paulo Guedes, ministro da Economia? O economista Delfim Netto, que foi conselheiro do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), acredita que não. As informações foram ditas em entrevista a Jovem Pan.
“Paulo Guedes começou como um ‘posto Ipiranga’, mas Bolsonaro nunca deu para ele o combustível. Paulo acreditava que Bolsonaro o ouvisse. Talvez o maior defeito foi do próprio Paulo, em acreditar em um voluntarista”, defendeu o economista.
O próprio Guedes, inclusive, tem comentado que alguns “barulhos políticos” interferem na economia, admitindo que o presidente pode ter exagerado “nas palavras, não nas ações”, em relação as declarações dada depois de atos antidemocráticos do 7 de Setembro.
Economia em 2022
Delfim Neto também afirmou que em 2022 as perspectivas econômicas não devem ser de grande crescimento. “Para o ano que vem, com muita sorte, mas com muita sorte, o país vai crescer 1%, ou alguma coisa menos do que isso. Até a eleição, não vai haver mudança nenhuma”, disse na entrevista.
Neste cenário, ele também crítico o aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para bancar o Bolsa Família. “É uma demonstração de fracasso absoluto. A promessa fundamental do Bolsonaro era ‘eu não vou aumentar imposto’. Na primeira confusão, ele aumenta o imposto para bancar o Bolsa Família, recursos que ele poderia ter encontrado dentro do Orçamento. Esse é um ato que nega todo o governo. A promessa básica do Bolsonaro é que jamais aumentaria o imposto, e, na primeira dificuldade, ele sai por um caminho mais fácil, de empurrar para cima da população”, criticou.
Ele também comentou sobre o possível resultado das eleições: “vai ser Bolsonaro e Lula”. A previsão também vem sendo observada em pesquisas do Datafolha, que colocam o petista a frente na preferência de votos.
Entre os possíveis candidatos, Delfim Neto ponderou sobre o planejamento: “O Lula tem um programa, o Bolsonaro tem uma coisa que se supõe ser um programa, já o Ciro tem efetivamente um programa. E o Rodrigo Pacheco é uma alternativa nova que está nascendo e que tem um projeto”, avaliou.
Para ele, o problema na gestão petista foi a ex-presidente. “Uma coisa que tem de se reconhecer é que o Lula fez um bom governo, mas o confundem com a Dilma. Quem destruiu a imagem do Lula foi a Dilma, que é uma voluntarista. A Dilma é o Bolsonaro com o sinal contrário”, disse.
E o que o próximo presidente deve fazer para melhorar a economia? “Tem que cumprir o papel do Estado. O Estado é o grande induzidor de crescimento, não há crescimento sem um Estado forte e constitucionalmente controlado. Os investimentos estatais é que produzem o crescimento. Nada diminuiu mais do que investimentos estatais”, finalizou.