Economia brasileira cai 0,6% em agosto, diz Monitor do PIB-FGV

Economia brasileira ENCOLHE 0,6% em agosto, diz Monitor do PIB-FGV

economia brasileira registrou uma nova queda em agosto de 2023. De acordo com o Monitor do PIB-FGV, realizado pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV IBRE), a atividade econômica do país encolheu 0,6% no oitavo mês deste ano, em relação a julho.

Embora a taxa tenha ficado negativa na comparação mensal, o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil cresceu 2,5% em relação a agosto de 2022. Isso indica taxas mais positivas do governo Lula, ao menos na comparação com o mesmo período do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Cabe salientar que, em 2022, o PIB brasileiro cresceu 2,9% em relação a 2021. Isso aconteceu por causa da fraca base comparativa, uma vez que o país ainda sofria com os impactos provocados pela pandemia da covid-19 em 2021.

Aliás, a economia global sofreu uma grande recessão em 2020, ano da decretação da pandemia. No ano seguinte, as nações registraram resultados bastante positivos devido à fraca base comparativa, mas os dados apenas refletiram uma recuperação gradual da atividade econômica dos países.

No Brasil, o crescimento não ocorreu apenas em 2021, mas também em 2022. Para 2023, a expectativa também é de avanço do PIB, e as estimativas estão cada vez mais otimistas graças ao bom desempenho dos setores econômicos, com destaque para a agricultura.

Por que o PIB brasileiro encolheu em agosto?

Segundo a coordenadora da pesquisa, Juliana Trece, dois principais fatores provocaram a queda da economia brasileira em agosto deste ano. Em suma, a perda de força da agropecuária, após o período de colheita da soja, principal grão do Brasil, e o fraco resultado do segmento de máquinas e equipamentos contribuíram com a queda da economia no mês.

Na retração de 0,6% da economia brasileira em agosto, comparado a julho, destacam-se negativamente dois componentes. Pela ótica da oferta, a forte queda na agropecuária é explicada pela redução da colheita de safras, como a soja“, explicou Trece.

Pela ótica da demanda, a retração na Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) tem se aprofundado principalmente devido ao desempenho negativo do segmento de máquinas e equipamentos“, acrescentou.

Segmento de máquinas e equipamentos perde força e puxa PIB brasileiro para baixo
Segmento de máquinas e equipamentos perde força e puxa PIB brasileiro para baixo. Imagem: Pixabay.

Agropecuária impulsionou a economia no início do ano

Nos primeiros meses de 2023, a agropecuária impulsionou a atividade econômica do Brasil. Em resumo, a colheita recorde da soja fortaleceu a atividade e surpreendeu o mercado.

Com o encerramento da colheita do grão, a agropecuária deixou de impulsionar o PIB brasileiro, como o fez nos primeiros meses. Como a indústria e o setor de serviços também não apresentaram taxas muito positivas nos meses seguintes, a atividade do país passou a desacelerar.

O comportamento negativo da agropecuária era de certa forma esperado, devido ao calendário de colheitas e ao forte desempenho positivo observado no setor no primeiro semestre. No entanto, o contexto de retração da FBCF é bastante diferente tendo influência da alta taxa de juros do país“, disse Juliana Trece.

Desafios para a economia brasileira em 2023

Em síntese, os dois principais desafios para a atividade econômica do país em 2023 são os juros elevados e a desaceleração do setor de serviços. Vale destacar que o setor serviços é o principal motor da economia brasileira e responde por cerca de 70% da atividade econômica do país. Logo, os resultados do setor acabam influenciando fortemente a taxa nacional.

O outro fator que contribuiu para a queda foram os juros altos, que enfraqueceram os serviços e a indústria em agosto. A expectativa é que os próximos dados do Monitor do PIB-FGV apresentem resultados mais positivos, já que os juros estão caindo no país.

A saber, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) reduziu a taxa básica de juros da economia brasileira, a Selic, em suas duas últimas reuniões.

No início de agosto, os juros caíram de 13,75% para 13,25% ao ano, surpreendendo o mercado, que esperava uma queda de 0,25 ponto percentual (p.p.). Isso também aconteceu no dia 20 de setembro, quando o Copom também reduziu novamente em 0,50 p.p. a taxa Selic, para 12,75% ao ano.

Embora os juros continuem patamar elevado, a taxa atual está 1,0 p.p. menor que nos últimos meses. A propósito, a taxa Selic é o principal instrumento do BC para controlar a inflação no Brasil. Quanto mais elevados os juros estiverem no país, menor fica o poder de compra dos consumidores.

O principal efeito colateral da Selic elevada é limitar o crescimento econômico, cenário que vem sendo visto nos últimos meses. Isso acontece porque a demanda se enfraquece e, quanto menor a procura, mais fraca tende a ser a inflação.

Por fim, o FGV IBRE ainda estimou que, nos oito primeiros meses de 2023, o PIB brasileiro acumulou R$ 7,04 trilhões, em valores correntes.

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