A economia brasileira registrou um forte aumento em fevereiro de 2023. Após iniciar o ano andando literalmente de lado, a atividade econômica do país cresceu 2,5% no segundo mês deste ano, na comparação com janeiro, após ajuste sazonal.
Isso quer dizer que o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil superou o nível observado no final do ano passado, uma vez que o resultado de janeiro se manteve estagnado, e o de fevereiro superou o do mês anterior. Aliás, em 2022, o PIB brasileiro chegou a crescer 2,9% em relação a 2021.
Embora o resultado anual tenha sido um resultado bastante expressivo, vale ressaltar que a base comparativa foi fraca. Em resumo, a pandemia da covid-19 afundou a economia global, fazendo o planeta sofrer uma grande recessão.
Por isso, a atividade econômica apresentou uma forte taxa positiva em 2021, e isso continuou em 2022, mesmo que de maneira menos intensa.
Cabe salientar que o PIB brasileiro encolheu 0,2% no quarto trimestre de 2022. Esse resultado ligou o sinal de alerta entre os analistas do mercado financeiro, que reduziram as expectativas para um desempenho mais expressivo da economia brasileira em 2023.
O resultado de janeiro até confirmou esse pessimismo, com a taxa se mantendo estável em relação a dezembro, após a leve queda acumulada no quarto trimestre. Entretanto, o resultado de fevereiro impulsionou o otimismo do mercado, que torce para novas taxas positivas como a do segundo mês deste ano.
De todo modo, o relatório Focus, que traz estimativas de analistas de mais de 100 instituições financeiras sobre indicadores econômicos do país, indicou que o PIB brasileiro deverá crescer apenas 1,00% em 2023. Caso isso se confirme, o avanço será bem menor que o de 2022.
Agropecuária impulsiona economia do país
Em fevereiro, a agropecuária foi o principal setor a impulsionar a economia brasileira. No mês anterior, o setor havia sido o único a registrar crescimento mensal, visto que o setor de serviços havia ficado estagnado e a indústria havia caído.
Em suma, esse resultado impediu que a economia brasileira registrasse uma queda no período. E, em fevereiro, o desempenho da agropecuária foi novamente decisivo, impulsionando o PIB brasileiro.
“O forte crescimento de 2,5% da economia em fevereiro foi devido, principalmente, à atividade agropecuária“, disse a coordenadora da pesquisa, Juliana Trece.
“Embora a indústria e os serviços também tenham crescido na comparação com janeiro, o expressivo desempenho agrícola, justificado principalmente pela safra recorde de soja e sua elevada participação no valor adicionado da agricultura, é o grande destaque da economia no mês“, acrescentou.
“Com a maior parte da colheita de soja sendo realizada nos meses de fevereiro, março e abril, este resultado sugere persistência do bom desempenho econômico no início do ano“, concluiu Trece.
Vale destacar que o setor serviços é o principal motor da economia brasileira , mas, em fevereiro, não exerceu a maior influência no PIB. Já a indústria, que também cresceu no mês, mudou a sua trajetória, uma vez que havia encolhido em janeiro.
Todos estes dados fazem parte do Monitor do PIB-FGV, realizado pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre) e divulgado na semana.
Economia brasileira enfrenta desafios
Em 2023, os juros elevados vêm limitando o crescimento de diversos setores econômicos no país. Em síntese, os empresários reduzem os investimentos por causa dos juros altos, isso sem contar na diminuição do consumo das famílias.
A saber, o Banco Central (BC) elevou, em agosto de 2022, a taxa básica de juro da economia brasileira, a Selic, para 13,75% ao ano. Esse é o maior patamar de juros no país desde novembro de 2016, quando a taxa estava em 14,00% ao ano.
De lá para cá, o Copom já realizou seis reuniões para definir os novos rumos da política monetária do país. Apesar do apelo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que deseja a redução dos juros no país, o BC decidiu manter os juros no mesmo patamar em todos os encontros.
Em resumo, a Selic é o principal instrumento do BC para conter a alta dos preços de bens e serviços, a temida inflação. Quanto mais alta a taxa estiver, mais altos ficarão os juros no país. Assim, o crédito fica mais caro, reduzindo o poder de compra do consumidor e desaquecendo a economia.
Por fim, vale destacar que o consumo das famílias cresceu 4,4% no trimestre móvel de dezembro de 2022 a fevereiro de 2023. Segundo o Monitor do PIB-FGV, “este resultado se deve ao desempenho positivo do consumo de serviços e do consumo de produtos não duráveis”.
Isso mostra que o forte avanço ficou limitado a poucas atividades. Aliás, a preocupação é que esses setores percam força, o que pode afundar a economia brasileira, que já enfrenta muitos desafios para continuar crescendo.