A economia brasileira cresceu 0,43% no segundo trimestre de 2023, na comparação com os três primeiros meses deste ano. Esse dado se refere ao Índice de Atividade Econômica (IBC-Br), realizado pelo Banco Central (BC) e divulgado na segunda-feira (14).
A economia do país cresceu de maneira mais robusta no primeiro trimestre de 2023, refletindo o bom início do governo Lula, em comparação ao último trimestre do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro. Contudo, o ritmo perdeu força nos meses seguintes e o resultado foi bem fraco.
Confira abaixo o desempenho da economia nos últimos trimestres, em comparação ao trimestre imediatamente anterior:
Evolução do IBC-Br | |
2º trimestre de 2022 | 1,18% |
3º trimestre de 2022 | 1,82% |
4º trimestre de 2022 | -1,49% |
1º trimestre de 2023 | 2,21% |
2º trimestre de 2023 | 0,43% |
Em resumo, todos esses números passam por um ajuste sazonal para que haja “compensação” em relação aos períodos diferentes. Dessa forma, os dados refletem a realidade da variação econômica do país, com dados ajustados e não apenas nominais, conforme as taxas inflacionárias de cada período.
Os resultados trimestrais mostram que a economia brasileira registrou taxas positivas na maioria dos trimestres. O único recuo aconteceu no último trimestre do ano passado, mas a atividade econômica se recuperou no início deste ano, com o crescimento mais forte desde o final de 2020.
Já entre abril e junho deste ano, o avanço foi bem leve, acendendo o alerta entre os analistas sobre as próximas taxas do IBC-Br. Aliás, o indicador do BC é considerado a ‘prévia’ do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro.
PIB cresce em quase todos os setores
Em junho, o PIB brasileiro cresceu 0,6%, após o forte tombo de 2,00% registrado em maio. Esse resultado mostra uma pequena recuperação da atividade econômica brasileira, mas também reflete algumas dificuldades no país.
De todo modo, o avanço no segundo trimestre foi positivo, ainda mais ao considerara forte base comparativa. Em suma, isso aconteceu graças ao crescimento da economia em quase todos os setores.
“[O PIB] foi influenciado por altas em quase todos os setores da atividade econômica, sendo a agropecuária a única exceção. A principal contribuição veio dos serviços prestados às famílias, que vêm sendo beneficiados pelos números fortes do mercado de trabalho, e do impacto do programa de incentivo aos carros populares“, afirma o relatório do PicPay, assinado pelos economistas Marco Caruso e Igor Cadilhac.
Para alguns economistas, o resultado do segundo trimestre surpreendeu, visto que a base comparativa estava muito elevada. Inclusive, havia até mesmo a possibilidade de queda do PIB no período, mas isso não aconteceu, mostrando a resiliência da economia brasileira no trimestre.
Projeções para a economia brasileira em 2023
Em síntese, o Banco Central divulga semanalmente o relatório Focus, que traz projeções de analistas do mercado financeiro sobre indicadores econômicos do país. Para 2023, os analistas estimam que o PIB brasileiro deverá crescer 2,29%, taxa bem maior que a estimada há alguns meses.
Desde que a Petrobras anunciou a mudança em sua política de preços, em meados de maio, a inflação desacelerou significativamente no Brasil. Isso aconteceu porque a Petrobras vem reduzindo os preços da gasolina, do óleo diesel e do gás de cozinha.
Isso ajudou os analistas a reduzirem as suas projeções para a inflação, uma vez que os combustíveis exercem um grande impacto na taxa inflacionária do país. Ao mesmo tempo, a mudança na Petrobras também fortaleceu as estimativas de um crescimento mais robusto do PIB brasileiro em 2023.
Também vale destacar que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) promoveu o primeiro corte em três anos na taxa Selic, a taxa básica de juro da economia brasileira. Com isso, os juros caíram de 13,75% para 13,25% ao ano, e os analistas acreditam que a taxa Selic encerrará 2023 a 11,75% ao ano.
A saber, a Selic é o principal instrumento do BC para conter a alta dos preços de bens e serviços, a temida inflação. Quanto mais alta a Selic, mais altos ficam os juros no país. Assim, o crédito fica mais caro, reduzindo o poder de compra do consumidor e desaquecendo a economia.
Como a inflação perdeu força, o BC reduziu e juros, e já informou que vai reduzir a taxa Selic ainda mais ao longo do ano. Portanto, a expectativa é de crescimento mais firme da economia brasileira, impulsionado pelo aumento do consumo no país.
Entenda o indicador do BC
O IBC-Br é uma ‘prévia’ do PIB, ele avalia a evolução da atividade econômica do Brasil e ajuda o BC na tomada de decisões em relação à taxa básica de juros, a Selic.
Na prática, o indicador reúne informações sobre o nível de atividade dos três setores econômicos do país:
- Indústria;
- Comércio e serviços;
- Agropecuária.
Além disso, o BC também contabiliza o volume de impostos arrecadados no país. Ao final de tudo isso, a entidade financeira divulga a prévia do PIB brasileiro. Contudo, vale destacar que esse não é o índice oficial do país para medir a atividade econômica.
O PIB corresponde à soma de todos os bens e serviços produzidos no país. O responsável pela divulgação desse indicador é o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que informa os dados oficiais da economia brasileira.