No pregão desta sexta-feira (8), o dólar teve uma queda bem leve, próximo da estabilidade. O dia foi morno em relação ao cenário doméstico, sem grandes eventos nas agendas econômica e política do país. Com isso, os investidores repercutiram os últimos dados do exterior, mantendo atenção aos Estados Unidos.
A saber, o dólar teve uma leve queda de 0,01% e fechou o dia cotado a R$ 4,9822. Essa foi praticamente a mesma cotação do último pregão (R$ 4,9827), realizado na quarta-feira (6).
Embora tenha recuado no dia, o dólar fechou a semana em alta de 0,85%. Já no acumulado de setembro, o avanço é um pouco menor, de 0,65%. Ambos os resultados ajudaram a diminuir a queda acumulada em 2023, que atualmente está em 5,60%.
Aliás, o dólar chegou a registrar em julho um tombo de mais de 11% no acumulado do ano. Contudo, a moeda fechou agosto com ganhos firmes de 4,68%, eliminando uma parte significativa da queda observada nos meses anteriores.
Para setembro, as expectativas em relação ao dólar ainda estão muito divididas. Alguns analistas acreditam na queda da moeda, principalmente por causa do fortalecimento econômico do Brasil. Entretanto, outros apostam em mais um mês de ganho da divisa americana em relação ao real. Por enquanto, a divisa segue em alta, mesmo que levemente.
Mercado de trabalho dos EUA segue firme
Do exterior, o que mais repercutiu no mercado de câmbio foram dados vindos dos Estados Unidos. Na véspera (7), o Departamento do Trabalho dos EUA revelou que os pedidos de auxílio-desemprego caíram de 229.000 para 216.000, surpreendendo o mercado, que esperava o pedido de 234.000 na semana.
Esses dados refletem a resiliência do mercado de trabalho norte-americano e fortalecem as estimativas de crescimento de juros no país. Em resumo, o Federal Reserve (Fed), banco central dos EUA, não descartou a possibilidade de aumentar a taxa de juros, que está no maior patamar em mais de 20 anos.
Os investidores torcem para que os juros não subam no país. Isso porque, quanto mais altos estiverem os juros nos EUA, mais atraentes ficam os títulos norte-americanos, o que fortalece o dólar ante ativos de risco, principalmente de países emergentes, como o real.
Economia dos Estados Unidos preocupa
Como os juros nos Estados Unidos já estão muito altos, e podem ficar ainda mais elevados, caso o Fed decida apertar a política monetária, o Produto Interno Bruto (PIB) do país poderá crescer ainda menos que o esperado.
Em suma, os EUA são a maior economia do mundo, ou seja, sua desaceleração econômica tem poder de impactar todo o mundo. Inclusive, o mercado esperava que a China tivesse um papel importante na recuperação econômica global em 2023, já que os EUA estão crescendo de maneira bem fraca em 2023.
O problema é que a economia chinesa também vem apresentando dados mais fracos que o esperado neste ano. Agora, não há mais expectativas de crescimento significativo em nenhum dos dois países, e o temor entre os investidores é que esse cenário afete fortemente o restante do mundo.
Em meio a tudo isso, o dólar até poderia ter subido na sessão de hoje (8), mas o cenário doméstico vem ajudando a manter a moeda abaixo de R$ 5,00.
Risco inflacionário no Brasil
A economia brasileira está apresentando dados econômicos mais robustos, aumentando o otimismo entre os investidores. A expectativa é que o PIB brasileiro cresça mais que o esperado em 2023, e isso atrai capital estrangeiro, fortalecendo o real e, consequentemente, enfraquecendo o dólar.
No entanto, esta semana ficou marcada pelo aumento do risco inflacionário, não só no Brasil, mas em todo o mundo. Em síntese, o barril de petróleo chegou a superar os US$ 90, algo que não acontecia desde novembro de 2022.
Desde a decretação da pandemia da covid-19, em março de 2020, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e seus aliados (Opep+) vem cortando a sua produção de petróleo toda vez que a demanda global encolhe. O problema é que a entidade vem realizando mais cortes que o esperado, e isso preocupa o mundo.
Com a expectativa de uma produção mais limitada de petróleo, os preços do barril tendem a subir, assim como aconteceu nesta semana. Isso liga o sinal de alerta entre os investidores, pois os valores internacionais mais elevados pressionam a Petrobras a reajustar os preços dos combustíveis no Brasil.
Como estes itens impactam fortemente a inflação no país, o temor de uma nova aceleração da taxa inflacionária, que poderia impedir a queda dos juros no Brasil, fez os investidores buscarem ativos mais seguros na semana, fortalecendo o dólar.