O dólar fechou o pregão desta terça-feira (31) em leve queda de 0,13%, cotado a R$ 5,0406. A sessão ficou marcada pela expectativa dos investidores em torno da decisão dos bancos centrais do Brasil e dos Estados Unidos em relação aos juros.
Embora tenha recuado no dia, o dólar fechou o mês de outubro em alta de 0,28%. O resultado sucede as altas de agosto (4,68%) e setembro (1,55%) e mostra que a moeda americana vem perdendo força ao longo dos meses, mas, ainda assim, conseguiu fechar o terceiro mês seguido em alta.
Apesar do avanço nos últimos meses, a divisa ainda acumula um recuo firme de 4,50% no ano. Aliás, a queda anual chegou a atingir 11% em julho, mas as preocupações com o exterior impulsionaram o dólar nos últimos meses, reduzindo boa parte das perdas.
Reunião para definir juros no Brasil e nos EUA se destaca
Na sessão de hoje (31), o principal destaque ficou com a nova reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, que definirá os novos rumos da política monetária do Brasil.
A expectativa é que o Copom promova um corte de 0,50 ponto percentual (p.p.) dos juros no país, uma vez que a inflação vem desacelerando, ainda mais fortemente que o esperado pelo mercado nos últimos meses.
Atualmente, a taxa básica de juro do Brasil, a Selic, está em 12,75% ao ano. Caso o Copom realmente promova mais dois cortes de 0,50 p.p. até o final do ano, como os analistas esperam, os juros cairão para 11,75% ao ano.
A taxa ainda ficará elevada, mas 2,0 pontos percentuais abaixo do observado em julho. Isso já é um alívio para a economia brasileira, que perde força com os juros elevados, bem como para a população, que tem o seu poder de compra menos enfraquecido.
Ao mesmo tempo, os investidores também estão de olho nos Estados Unidos. O Federal Reserve (Fed), banco central norte-americano, também vai decidir nesta semana o futuro da política monetária do país.
Atualmente, a taxa de juros no país está no nível mais elevado em mais de duas décadas. Embora a entidade não tenha descartado a possibilidade de elevar a taxa de juros, a expectativa é que o Fed opte pela manutenção da taxa.
O maior problema é em relação ao último encontro de 2023, realizado em dezembro. Nesse caso, os investidores estão cada vez menos confiantes na manutenção dos juros, e muitos já apostam no aumento dos juros no país.
Taxa de desemprego recua no Brasil
Hoje (31), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou os dados mais recentes da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua. Os investidores ficam de olho nesse dado, e o resultado ajudou a enfraquecer o dólar na sessão.
Em suma, o levantamento revelou que a taxa de desemprego do país caiu a 7,7% no terceiro trimestre deste ano. Esse é o menor patamar desde o trimestre móvel encerrado em fevereiro de 2015, ou seja, em oito anos e meio.
Além disso, os dados mostraram que a população ocupada somou 99,8 milhões entre julho e setembro, patamar recorde desde o início da série histórica, no primeiro trimestre de 2012.
Investidores repercutem fala de Haddad
Na última sexta-feira (27), o presidente Lula afirmou que “dificilmente” o Brasil conseguirá zerar o déficit em suas contas em 2024. A declaração preocupou o mercado, principalmente por causa da pouca importância que o presidente pareceu dar ao tema.
“Eu sei da disposição do Haddad, sei da vontade do Haddad, sei da minha disposição. Já dizer para vocês que nós dificilmente chegaremos à meta zero“, disse Lula.
“Eu não quero fazer corte de investimentos de obras. Se o Brasil tiver um déficit de 0,5%, o que que é? De 0,25%, o que é? Nada. Absolutamente nada. Vamos tomar a decisão correta e vamos fazer aquilo que vai ser melhor para o Brasil“, acrescentou o presidente.
Na véspera (30), durante uma coletiva de imprensa, o ministro Fernando Haddad não afirmou nem negou se a meta de zerar o déficit das contas havia mudado. Esse posicionamento foi bem diferente das últimas declarações do ministro, que vinha defendendo fortemente a redução para zero do déficit das contas públicas em 2024.
O silêncio de Haddad preocupou o mercado, pois, mesmo que o presidente Lula nunca tenha defendido a meta de zerar o déficit das contas, as declarações firmes de Haddad sobre a busca por essa meta pareciam reconfortar o mercado.
Nesta terça-feira (31), o ministro evitou responder se a meta fiscal de 2024 havia sido alterada. Ele defende a adoção de medidas para o alcance da meta, mas não diz exatamente como isso acontecerá. Inclusive, a própria ala política vem defendendo a mudança da meta de zerar o déficit para que não haja impacto nas despesas do próximo ano.