O dólar voltou a subir no país. A cotação da moeda norte-americana avançou na sessão desta quarta-feira (29), com os investidores repercutindo a divulgação da prévia do Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos. No âmbito nacional, o principal dado econômico foi a divulgação do IGP-M, considerado a inflação do aluguel.
No pregão de hoje, o dólar subiu 0,32% e encerrou o dia cotado a R$ 4,8875. Embora tenha avançado na sessão, a moeda americana segue acumulando queda na semana (-0,22%), resultado provocado pelo recuo observado na véspera (28), quando a divisa recuou 0,56%.
Em novembro, o dólar acumula uma queda firme de 3,04%. O resultado sucede as altas de agosto (4,68%), setembro (1,55%) e outubro (0,28%), e mostra que a desaceleração observada nos últimos meses culminou na queda em novembro, ao menos até agora.
Já no acumulado de 2023, a divisa tem um recuo ainda mais intenso, de 7,40% no ano. Inclusive, a queda anual chegou a atingir 11% em julho, mas as preocupações com o exterior impulsionaram o dólar nos últimos meses. Assim reduziu boa parte das perdas acumuladas nos meses anteriores.
Em resumo, os dados prévios do PIB dos EUA surpreenderam o mercado ao indicarem uma alta de 5,2% no terceiro trimestre deste ano. O resultado superou as projeções do mercado, que esperava uma alta de 4,9% entre julho e setembro.
Esse crescimento significativo da economia norte-americana reflete a recuperação da atividade do país. Isso é um sinal positivo, pois mostra que a maior economia do mundo está crescendo fortemente. No entanto, esse avanço não foi apenas comemorado pelo mercado.
Na verdade, a alta expressiva também causou certa apreensão nos investidores, que temem o avanço dos juros no país. A saber, o principal objetivo dos juros elevados é reduzir o poder de compra do consumidor para desaquecer a demanda e, assim, esfriar a economia. Dessa forma, a inflação perde força, já que a demanda se retrai.
Em outras palavras, quanto mais forte estiver a economia norte-americana, mais alta tende a ficar a inflação, pois indica maior poder de compra dos consumidores. Entretanto, como o Federal Reserve (Fed), banco central dos EUA, tem a missão de controlar a inflação no país, a entidade pode manter os juros elevados para que a taxa inflacionária não suba mais do que deveria.
Embora os dados do PIB norte-americano preocupem, os investidores também estão atentos aos dirigentes do Federal Reserve. Na véspera (28), o diretor do Fed, Christopher Waller, disse que qualquer redução dos juros no país não teria “nada a ver com a tentativa de salvar a economia ou a recessão”.
De acordo com ele, um eventual corte na taxa de juros acontecerá com o objetivo de impedir que a política monetária dos EUA fique excessivamente contracionista, ainda mais com a desaceleração da inflação no país.
“Se observarmos que a desinflação continua por mais alguns meses — não sei quanto tempo pode ser, três meses, quatro meses, cinco meses — você poderia então começar a reduzir a taxa básica só porque a inflação está mais baixa”, disse Waller ao think tank American Enterprise Institute.
Ainda assim, o diretor do Fed ressaltou que a taxa inflacionária nos EUA continua muito elevada. Portanto, ele afirmou que “é muito cedo para dizer se a desaceleração será sustentada”. Ao mesmo tempo, “há uma incerteza significativa sobre o ritmo da atividade futura”, que torna a situação ainda mais incerta, segundo ele.
No início de novembro, o Federal Reserve (Fed), banco central norte-americano, decidiu manter a taxa de referência dos juros inalterada no país, no intervalo de 5,25% a 5,50% ao ano. A decisão veio em linha com as estimativas do mercado, e os analistas acreditam que o Fed manterá os juros estáveis até meados de 2024, quando começará a reduzir a taxa no país.
A saber, a taxa de juros nos EUA está no nível mais elevado em mais de duas décadas. Mesmo que o Fed venha mantendo a taxa estável nos últimos encontros, isso não é totalmente positivo para a população, já que o patamar continua muito elevado nos EUA, afetando a atividade econômica do país.
Os especialistas entendem que o Fed está bastante dependente dos dados para tomar qualquer decisão. Por isso, as declarações de Christopher Waller animaram o mercado na véspera (28). Contudo, os dados do PIB dos EUA, mais fortes que o esperado, impulsionaram a moeda americana, que fechou o dia em alta.
Nesta quarta-feira (29), o Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV IBRE) revelou que o Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M), popularmente conhecido como inflação do aluguel, subiu 0,59% em novembro.
O avanço é o terceiro mês consecutivo e mostra que as pessoas que vivem de aluguel estão precisando pagar mais caro pela locação de imóveis. Aliás, a variação de novembro foi mais forte que a de outubro (0,50%) e a de setembro (0,37%) e mostra que a inflação medida pelo IGP-M segue acelerando no país.
Embora os preços tenham subido pelo terceiro mês seguido, o índice acumula uma queda de 3,89% em 2023 e de 3,46% nos últimos 12 meses. Isso quer dizer que os preços de locação de imóveis estão mais baratos neste ano, na comparação com 2022, ao menos no geral.