O dólar iniciou a semana em alta, com investidores repercutindo as novas estimativas dos analistas do mercado financeiro em relação aos principais indicadores econômicos do país.
Além disso, os conflitos no Oriente Médio continuaram preocupando os investidores, com novas ofensivas do exército israelense. O pregão ainda ficou marcado pela expectativa dos investidores com a decisão dos juros no Brasil e nos Estados Unidos.
Na sessão de hoje (30), o dólar subiu 0,69% e encerrou o dia cotado a R$ 5,0474. Com o acréscimo do resultado de hoje, o dólar inverteu o movimento no mês e agora acumula alta de 0,41% no mês. O resultado sucede as altas de agosto (4,68%) e setembro (1,55%) e mostra que o dólar segue com força, subindo pelo terceiro mês seguido.
Por outro lado, a divisa ainda acumula um recuo firme de 4,37% no ano. Inclusive, a queda anual chegou a atingir 11% em julho, mas as preocupações com o exterior impulsionaram o dólar nos últimos meses, reduzindo boa parte das perdas.
Guerra entre Israel e Hamas preocupa e fortalece dólar
Um dos assuntos que vêm repercutindo nas últimas semanas é a guerra entre Israel e o grupo extremista islâmico Hamas, que teve início há mais de três semanas e já provocou a morte de quase 10 mil pessoas. Em suma, os investidores temem um aumento no preço do petróleo por causa da guerra.
Caso os conflitos tenham uma escalada ainda maior, há um risco iminente de problemas na cadeia de produção e exportação de petróleo, ainda mais ao considerar que 60% da produção mundial de petróleo se concentra Oriente Médio.
A principal preocupação, do ponto de vista econômico, refere-se ao petróleo, que pode ficar mais caro se outros países do Oriente Médio se envolverem nos conflitos. Isso poderia pressionar a inflação em todo o mundo, fazendo os bancos centrais manterem os juros elevados, ou até mesmo voltarem a aumentá-los.
Nesta segunda-feira (30), relatos de tropas israelenses avançando cada vez mais na cidade de Gaza, que vem sofrendo ataques por terra, ar e mar, preocupou os investidores e impulsionou o dólar.
Investidores repercutem projeções de analistas
O dia também ficou marcado pela repercussão das novas projeções de analistas do mercado financeiro em relação a indicadores econômicos do Brasil. Em suma, os analistas projetaram pela terceira semana consecutiva uma taxa inflacionária dentro da meta estabelecida para 2023.
De acordo com o boletim Focus, as estimativas apontaram para uma inflação de 4,63%, dentro do limite para a meta neste ano. Para 2023, o Conselho Monetário Nacional (CMN) definiu uma meta central de 3,25% para a inflação no país, podendo variar entre 1,75% e 4,75%. Isso acontece porque a entidade também define um intervalo de 1,5 ponto percentual (p.p.) para a taxa inflacionária, para cima e para baixo.
Essa estimativa mais otimista aconteceu porque, em setembro, a inflação subiu 0,26% no Brasil, abaixo do esperado pelo mercado. Embora a taxa tenha acelerado em relação a agosto (0,23%), o que repercutiu foi o dado vir mais fraco que o esperado por analistas (0,33%). A propósito, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) é considerado a inflação oficial do país.
Definição dos juros no Brasil e EUA também repercute
Na sessão de hoje (30), os investidores repercutiram a nova reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, que terá início amanhã (31). A expectativa é que o Copom promova um corte de 0,50 ponto percentual (p.p.) dos juros no país, uma vez que a inflação vem desacelerando, ainda mais fortemente que o esperado pelo mercado.
Atualmente, a taxa básica de juro do Brasil, a Selic, está em 12,75% ao ano. Caso o Copom realmente promova mais dois cortes de 0,50 p.p., os juros irão cair para 11,75% ao ano. A taxa ainda ficará elevada, mas 2,0 pontos percentuais abaixo do observado em julho, o que já é um alívio para a economia brasileira, que perde força com os juros elevados.
Por fim, os investidores também estão de olho nos Estados Unidos. O Federal Reserve (Fed), banco central norte-americano, também vai decidir nesta semana o futuro da política monetária do país.
Atualmente, a taxa de juros está no nível mais elevado em mais de duas décadas. Embora a entidade não tenha descartado a possibilidade de elevar a taxa de juros, a expectativa é que o Fed opte pela manutenção da taxa.
O maior problema é em relação ao último encontro de 2023, realizado em dezembro. Nesse caso, os investidores estão cada vez menos confiantes na manutenção dos juros, e muitos já apostas no aumento dos juros no país.