Após três avanços consecutivos, o dólar recuou levemente nesta sexta-feira (22). Os investidores ainda estão analisando a decisão dos bancos centrais sobre a taxa de juros em diversos países nesta semana.
Em resumo, o dólar caiu 0,02% na sessão de hoje e encerrou o dia cotado a R$ 4,9324. Contudo, a moeda fechou a semana em alta de 1,27%, refletindo o fortalecimento da divisa ante o real, ao menos nos últimos dias.
Com o acréscimo desse resultado, o dólar seguiu no campo negativo em setembro, acumulando uma queda de 0,36% neste mês. Aliás, alguns investidores acreditam que a divisa deverá encerrar este mês em queda, principalmente por causa do fortalecimento da economia brasileira. Entretanto, outros analistas acham que o risco inflacionário global deverá impulsionar a moeda neste mês.
De toda forma, o dólar ainda continua com uma queda firme em 2023, de 6,56%. Em suma, o tombo acumulado neste ano chegou a 11% em julho. No entanto, a divisa fechou o mês de agosto com ganhos de 4,68% e eliminou parte da queda acumulada nos meses anteriores. Já agora em setembro, a moeda segue em campo negativo ante o real.
Veja o que influenciou a cotação do dólar na semana
A saber, o que mais impactou a cotação do dólar nesta semana foi a decisão de bancos centrais de importantes países em relação às suas políticas monetárias. Como os juros afetam diretamente a cotação das moedas, os investidores não perdem qualquer informação sobre esses assuntos.
Banco Central reduz taxa de juros no Brasil
Na última quarta-feira (20), o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC reduziu em 0,50 ponto percentual a taxa básica de juros da economia brasileira, a taxa Selic. A redução veio em linha com a expectativa dos analistas do mercado financeiro, até porque o Copom havia anunciado no início de agosto que essa deveria ser a redução agora em setembro.
A taxa de juros dos países influencia a entrada de recursos de investidores. Isso acontece porque, quanto maiores os juros, mais enfraquecida tende a ficar a economia do país, uma vez que os juros aumentam o custo de vida, promovendo uma redução do poder de compra do consumidor.
Por outro lado, os juros elevados aumentam o rendimento dos títulos nacionais. Como os juros estão caindo no Brasil, os investidores acabam buscando ativos com maior atratividade, e isso enfraquece o real ante o dólar.
Na verdade, a queda dos juros pode ser vista de duas maneiras. A primeira é justamente a de perda de atratividade dos papéis nacionais. Contudo, muitos analistas preferem a perspectiva a longo prazo.
Como os juros enfraquecem a economia, a sua redução tende a fortalecer a atividade do país. Inclusive, as projeções para a economia brasileira em 2023 estão cada vez mais otimistas. Em suma, com uma atividade mais fortalecida, o Brasil passa a ser visto como uma nação mais segura, e os investidores tendem a alocar seus recursos no país, trazendo mais dólar e impulsionando a economia.
Federal Reserve mantém juros estáveis nos EUA
Também na última quarta-feira (20), o Federal Reserve (Fed), banco central dos EUA, decidiu manter estável a taxa de juros no país. Isso já era esperado pelo mercado, que acreditava não haver motivos suficientes para a entidade elevar os juros no país.
Entretanto, a decisão não foi unânime. Na verdade, alguns diretores do Comitê de Política Monetária do Fed votaram a favor de uma elevação de 0,25 ponto percentual dos juros, mas outros diretores optaram pela manutenção da taxa. Como a maioria votou pela estabilidade, o Fed não alterou os juros.
Aliás, a taxa de juros nos EUA está no maior patamar em mais de 20 anos. A decisão desta semana mostra que o Fed poderá elevar os juros na próxima reunião, já que não houve unanimidade entre os diretores.
Por ora, o banco central decidiu aguardar mais um pouco para analisar os próximos dados relacionados à atividade econômica dos EUA, bem como o desempenho de outros indicadores, como taxa de desemprego e inflação.
Banco da Inglaterra (BoE) interrompe alta dos juros
Já na quinta-feira (21), o Banco da Inglaterra (BoE) decidiu interromper o ciclo de altas dos juros no país. A votação foi apertada, e, por 5 votos a 4, os diretores do Comitê de Política Monetária da entidade decidiram manter a taxa de juros estável, em 5,25% ao ano. Em resumo, essa foi a primeira vez desde dezembro de 2021 que o BoE não elevou a taxa de juros do país.
Por fim, na zona do euro, o índice de gerente de compras (PMI, na sigla em inglês) composto subiu em agosto. O indicador, que se refere ao setor industrial e aos serviços, passou de 46,7 em agosto para 47,1 em setembro, segundo a S&P Global.