De acordo com a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), a parcela de famílias com dívidas, em atraso ou não, no país atingiu 77,5% em março deste ano. Segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), essa é a maior proporção de endividados desde 2010.
Com o avanço da alta inflação em conjunto com a queda nos empregos ganhando forças, mais e mais os brasileiros sentem-se preocupados com sua condição financeira. A CNC informa que até o fim de 2021, mais de 75% das famílias brasileiras possuíam dívidas. Com isso, o assunto virou tema nas redes sociais.
Em fevereiro, o percentual de famílias endividadas foi de 76,6%. Já em março do ano passado, a taxa era de 67,3%, de acordo com a Peic. Já o percentual de inadimplentes, ou seja, famílias com contas ou dívidas em atraso, chegou a 27,8%.
Esta fatia de inadimplentes é considerada o maior percentual da pesquisa, ficando abaixo apenas daquele registrado no primeiro mês da Peic, em janeiro de 2010 (29,1%). Já durante o mês de fevereiro, a taxa ficou em 27% e em março de 2021, 24,4%.
Já as famílias que não terão condição de pagar suas dívidas e contas em atraso somam 10,8%, acima dos percentuais de fevereiro deste ano e de março do ano passado (ambos 10,5%). O cartão de crédito responde por 87% dos motivos de endividamento no país, seguido pelos carnês (18,7%), financiamento de carro (11,2%), crédito pessoal (9,4%) e financiamento de casa (8,6%).
A Knewin é uma startup que monitora mídia espontânea, mostram que em uma semana (de 24 a 31 de janeiro) 150 mil tuítes (posts na rede social Twitter) mencionam termos relacionados a finanças pessoais. A pesquisa informa que só durante o dia 27 de janeiro foram contabilizadas mais de 36 mil menções, data em que foi anunciado o congelamento do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS).
De acordo com Henrique Soares, presidente e co-fundador da Pilla, fintech que trabalha em conjunto com o time de recursos humanos das empresas a fim de melhorar a vida financeira dos colaboradores, destaca que a explicação para o aumento das dívidas está em uma combinação de fatores.
Eles vão desde a falta de educação financeira e de planejamento financeiro, isso se soma a falta de reserva de emergência de grande parte da população. Outro ponto que diferencia é o baixo acesso a produtos financeiros que os ajudem a sair do endividamento e à crise econômica no Brasil (inflação e desemprego altos).
De acordo com Soares, as empresas podem ajudar a mudar esse quadro brasileiro de dívidas. “O público que recebe menos tem pouquíssimo apoio do sistema financeiro tradicional. Nós queremos mudar a realidade dessas pessoas. Para isso, analisamos a situação financeira de cada colaborador, garantindo que ele tenha uma educação financeira personalizada, com a indicação de produtos adequados às suas necessidades