De quanto você precisa em dinheiro para viver bem com a sua família durante um mês? Provavelmente, você vai apontar um valor maior do que o do atual salário mínimo, que é de R$ 1.320. E você não está errado. Uma nova projeção do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) ilustra bem este movimento.
Segundo esta projeção, o salário mínimo ideal para uma família de quatro pessoas no Brasil em agosto deste ano deveria ter sido de R$ 6.389,72. Trata-se, portanto, de um valor que equivale a 4,84 vezes mais do que o salário mínimo real. Os números mostram uma disparidade entre o mudo real e o mundo ideal.
De todo modo, os números do Dieese mostram que o cenário é de melhora. Ainda tomando como base os números da mesma projeção, em comparação com as projeções de agosto de 2022, o salário ideal era nada menos do que 5,20 maior do que o salário real, que na época era de R$ 1.212.
Como o Dieese chega neste valor?
Mas afinal de contas, como este cálculo é feito pelo Dieese? De acordo com o Departamento, a ideia é considerar uma média com os preços dos alimentos básicos em 17 capitais brasileiras. A partir destes dados, eles também consideram as regras gerais da Constituição, que indica que todos os brasileiros devem receber um salário suficiente para bancar:
- alimentação;
- moradia;
- saúde;
- educação;
- vestuário;
- higiene;
- transporte;
- lazer;
- previdência.
Cesta básica
Ainda tomando como base os dados do Dieese, é possível afirmar que para comprar uma cesta básica o trabalhador que ganha um salário mínimo de R$ 1.320, precisa trabalhar, em média, 109 horas e 1 minuto. Este tempo também caiu em relação aos números de agosto do ano passado, quando a jornada média era de 119 horas e 8 minutos.
A média dos preços da cesta básica, no entanto, variam a depender da capital pesquisada pelo Dieese. Veja abaixo as variações nas diferentes cidades pesquisadas:
- Porto Alegre: R$ 760,59 (-2,13% em relação ao mês anterior);
- São Paulo: R$ 748,47 (-2,79%);
- Florianópolis: R$ 743,94 (-0,36%);
- Rio de Janeiro: R$ 722,78 (-2,08%);
- Campo Grande: R$ 691,70 (-0,95%);
- Brasília: R$ 689,98 (+0,35%);
-
Curitiba: R$ 685,13 (-0,75%);
- Vitória: R$ 660,88 (-2,03%);
- Belo Horizonte: R$ 646,02 (-1,04%);
- Fortaleza: R$ 642,68 (-2,85%);
- Goiânia: R$ 641,53 (-2,46%);
- Belém: R$ 640,11 (-1,59%);
- Natal: R$ 581,18 (-5,19%);
- Recife: R$ 580,72 (-2,02%);
- Salvador: R$ 575,81 (-3,39%);
- João Pessoa: R$ 565,07 (-2,79%);
- Aracaju: R$ 542,67 (-0,83%).
Salário mínimo de 2024
Na última semana, a ministra do planejamento, Simone Tebet (MDB) enviou ao congresso nacional o seu plano de orçamento para o ano de 2024. Trata-se do documento que estabelece as diretrizes de projeções de despesas para o próximo ano, inclusive para o salário mínimo.
De acordo a projeção de Tebet, o salário mínimo será elevado dos atuais R$ 1.320 para R$ 1.421, ou seja, uma elevação de R$ 101, ou de 7,7%. Trata-se de um aumento real, assim como prometido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições do ano passado.
A partir de 2024, o patamar do piso vai ser definido pelo plano nacional de valorização do salário mínimo, que vai levar em consideração dois pontos neste processo de definição. São eles:
- Inflação do ano anterior;
- Produto Interno Bruto (PIB) de dois anos antes.
Por este formato, o governo federal garante que sempre poderá elevar o valor do salário mínimo de maneira real, ou seja, acima da inflação. De todo modo, caso o PIB de dois anos antes seja nulo, a definição do valor vai considerar apenas a inflação do ano anterior.
“E, estejam certos de que, até o fim do meu mandato, ele (o salário mínimo) voltará a ser um grande instrumento de transformação social que foi no passado, quando cresceu 74% acima da inflação”, disse o presidente Lula em evento recente.
Uma definição concreta do valor do salário mínimo de 2024, no entanto, só deve ocorrer a partir do final deste ano de 2023.