Não são considerados formas de plágio
Paródia e paráfrase simbolizam dois tipos de intertextualidade, isto é, são recursos que criam diálogos entre textos distintos, dando origem a um novo texto embasado em um texto-fonte.
Paródia e paráfrase são vistos como sinônimos, entretanto cada um tem sua característica. Paródia e paráfrase são recursos usados na literatura, artes, plásticas, música, cinema, escultura, dentre outros.
Intertextualidade
A intertextualidade pode ser entendida como a fabricação de um discurso baseado em um texto já montado, ele pode ser feito de forma implícita ou explícita.
Quando acontece de forma explícita, as fontes que foram usadas como base para construção ficam claras. A intertextualidade explícita pode ser vista em citações, resenhas e anúncios publicitários.
Por outro lado, a intertextualidade implícita requer mais atenção e análise do leitor, já que não apresenta citação expressa da fonte.
Além da paródia e paráfrase, existem outros tipos de intertextualidades.
Paródia e paráfrase
Veja a seguir a diferença entre paródia e paráfrase
Paródia
Na paródia acontece à reformulação de um texto, entretanto o autor usa como base um discurso já existente e opõe-se a ele. A paródia se baseia em um caráter contestador. Além disso, existe uma alteração do discurso original, seja para fazer uma crítica ou para marcar uma sarcasmo e ironia.
Observe os exemplos a seguir:
Meus oito anos
Oh! que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais!
[…]
(Casimiro de Abreu)
Paródia
Meus oito anos
Oh que saudades que eu tenho
Da aurora de minha vida
Das horas
De minha infância
Que os anos não trazem mais
Naquele quintal de terra!
Da rua de Santo Antônio
Debaixo da bananeira
Sem nenhum laranjais
[…]
(Oswald de Andrade)
No primeiro texto, de Casimiro de Abreu, percebe-se o texto original. Já o segundo, apresenta uma paródia escrita por Oswald de Andrade, cuja intenção era criticar o nacionalismo e o romantismo presentes em sua época.
Paráfrase
A paráfrase é a ratificação de um texto que já existe. Nessa intertextualidade, existe a repetição do assunto ou um pedaço dele. Em outras palavras, a ideia inicial é preservada. Dessa forma, podemos afirmar que parafrasear um texto é a mesma coisa que refazê-lo com palavras distintas, conservando sua essência.
Observe o exemplo a seguir:
Canção do Exílio
(Gonçalves Dias)
Minha terra tem palmeiras
Onde canta o sabiá,
As aves que aqui gorjeiam
Não gorjeiam como lá.
(…)
Europa, França e Bahia
(Carlos Drummond de Andrade)
Meus olhos brasileiros se fecham saudosos
Minha boca procura a ‘Canção do Exílio’.
Como era mesmo a ‘Canção do Exílio’?
Eu tão esquecido de minha terra…
Ai terra que tem palmeiras
Onde canta o sabiá!
(…)
A “Canção do Exílio”, de Gonçalves Dias, é o texto original. Esse texto foi parodiado e parafraseado inúmeras vezes, inclusive por Carlos Drummond de Andrade. Podemos verificar que o texto de Carlos Drummond de Andrade cria um diálogo com o poema de Gonçalves Dias, porém sem intenção satírica, preservando o discurso original. Por isso, trata-se de uma paráfrase.
Outros tipos de Intertextualidade
Além da paródia e paráfrase os outros tipos de intertextualidade são:
Epígrafe
Esse termo provém do grego “epígrafhe” é formado pelos vocábulos “epi” (posição superior) e “graphé” (escrita).
A epígrafe é muito utilizada em obras, textos científicos, desde artigos, resenhas, monografias, uma vez que ela acrescenta uma frase ou parágrafo que tenha alguma relação com o que será abordado no texto.
Podemos destacar como exemplo um artigo sobre Patrimônio Cultural e a epígrafe do filósofo Aristóteles (384 a.C.-322 a.C.): “A cultura é o melhor conforto para a velhice”.
Citação
A palavra citação provém do Latim, o termo “citação” (citare) significa convocar.
A citação corresponde ao acréscimo de pedações de outras obras em uma produção textual, de forma que converse com ele. Normalmente, nesses trechos, é feito o uso das aspas e itálico, já que se trata da enunciação de outro autor. Esse recurso é muito importante, pois sua apresentação sem citar a fonte utilizada é considerada plágio.
Alusão
A palavra alusão vem do latim, o vocábulo “alusão” (alludere) é composto por dois termos: “ad” (a, para) e “ludere” (brincar).
A alusão faz referência aos elementos presentes em outros textos.
Paródia e paráfrase no Enem
Existem alguns elementos textuais que contribuem para enriquecer a redação do ENEM e ainda ajudam na interpretação.
A paródia e paráfrase são elementos importantes para o entendimento de um texto. Quanto mais você souber sobre esse assunto, mais facilmente vai interpretar os dados presentes na prova.
Saber interpretar a paródia e paráfrase depende do conhecimento do aluno sobre o assunto. A mesma coisa acontece na hora de produzir uma redação. Para fazer uma associação dentro do seu texto é preciso ler e interpretar autores famosos, que façam referência ao assunto que você pretende escrever.