O último ano do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro trouxe muitas notícias positivas para os brasileiros. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a desigualdade no país voltou a cair em 2022, após avançar no ano anterior.
Em resumo, os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua mostraram que o índice de Gini do rendimento médio mensal domiciliar por pessoa encolheu no ano passado. Aliás, quanto menor o indicador, menor a desigualdade no país.
Em 2022, o índice de Gini caiu para 0,518, ante 0,544 em 2021. O resultado é muito positivo para a população do país, porque reflete uma melhor distribuição de renda. Por outro lado, quando o indicador estiver muito elevado, significa que há maior concentração de renda no país.
Desigualdade nas regiões brasileiras
Segundo o IBGE, o Nordeste continuou com o maior índice de Gini do país (0,517), enquanto a região Sul teve o menor índice nacional (0,458).
Embora a diferença ainda seja significativa entre as regiões brasileiras, o IBGE ressaltou que o índice de Gini caiu em todas elas entre 2021 e 2022. Aliás, o maior recuo foi registrado pelo Nordeste, visto que o indicador estava em 0,556 em 2021.
O Sudeste também se destacou no resultado anual, com o índice de Gini caindo de 0,533 para 0,505. A saber, tanto o Nordeste quanto o Sudeste chegaram aos menores valores da série histórica, bem como o Centro-Oeste, cujo indicador foi de 0,493 no ano passado.
Índice de Gini do rendimento
Apesar da grande notícia sobre a redução da desigualdade, o IBGE informou que o índice Gini do rendimento médio mensal de todos os trabalhos caiu de 0,499 para 0,486. Em suma, o indicado atingiu os menores valores na média do país e em quase todas as regiões.
De acordo com a analista da pesquisa, Alessandra Brito, “a entrada de quase 8 milhões de pessoas na população ocupada puxou a média de rendimento para baixo, mas aparentemente essas pessoas ingressaram no mercado de trabalho recebendo vencimentos com valores similares, o que resultou numa distribuição menos desigual“.
“Além disso, o rendimento médio dos trabalhadores sem carteira e por conta própria aumentou no período, também contribuindo para essa queda no índice de desigualdade“, acrescentou a pesquisadora.
Desigualdade continua muito elevada
Os dados da pesquisa do IBGE mostraram que a desigualdade no Brasil diminuiu em 2022. No entanto, os números continuaram muito distantes, apesar de menores que os observados em 2021.
Em síntese, o rendimento médio domiciliar por pessoa do 1% da população mais rica era de R$ 17.447. Já o rendimento dos 50% que ganhavam menos foi de R$ 537. Isso quer dizer que os mais ricos tiveram um rendimento 32,5 vezes maior que metade da população do país.
Cabe salientar que, apesar da enorme diferença, o resultado apresentou uma melhora em relação a 2021, quando a desigualdade havia sido de 38,4 vezes.
“A queda brusca dessa razão para o menor patamar da série histórica reflete um pouco tudo que observamos. Muitas pessoas voltaram para o mercado de trabalho, os muito pobres estão recebendo um auxílio que se compara ao auxílio emergencial em valor, e o 1% mais rico teve uma pequena redução no rendimento“, explicou Alessandra Brito.
Mercado de trabalho e benefícios sociais
No ano passado, dois fatores contribuíram para a redução da desigualdade no Brasil, segundo a analista da pesquisa, a liberação de benefícios sociais e a melhora do mercado de trabalho do país.
“A redução da desigualdade foi uma combinação das duas coisas, da melhora do mercado de trabalho e dos programas sociais com valor mais alto“, disse Alessandra Brito.
“Não tem como isolar só o programa social ou só o mercado de trabalho, os dois fatores contribuíram bastante. Tanto que a gente tem o menor Gini da renda do trabalho e o menor Gini da renda domiciliar“, acrescentou a analista da pesquisa.
Aliás, vale destacar o aumento do valor médio pago pelo Auxílio Brasil, de R$ 400 para R$ 600 por usuário. Isso aconteceu em ano eleitoral, quando o ex-presidente Bolsonaro tentou a reeleição, mas acabou perdendo para Lula, que assumiu a presidência do país pela terceira vez em 2023.
“A gente tem que lembrar que ano passado foi um ano eleitoral, né? Então, para o mercado de trabalho se recuperar é uma coisa mais orgânica e tem a ver com o movimento da economia como um todo. Agora, aumentar o valor de programa social, você pode fazer com projeto de lei ou com medida provisória“, explicou Brito.
“São políticas diferentes, com tempo de maturação diferentes. As duas coisas têm um papel importante e a gente tem que observar em 2023 como será a durabilidade delas“, finalizou.