Os números do desemprego no Brasil surpreenderam a população no primeiro mês do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Em janeiro de 2023, a quantidade de pessoas sem uma ocupação no país se manteve estável na base trimestral. Contudo, os números recuaram na comparação anual, intensificando a trajetória de queda destes números.
De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD Contínua), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a taxa de desocupação ficou em 8,4% no trimestre móvel de novembro de 2022 a janeiro de 2023, período que marca o fim da gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro e o início do governo Lula.
Em síntese, essa é a menor taxa de desocupação para este período desde o trimestre encerrado em janeiro de 2015 (6,9%). Embora o percentual tenha ficado estável, para fins estatísticos, em relação ao trimestre móvel anterior, houve uma leve alta na taxa, que ficou em 8,3% de agosto a outubro de 2022.
“Essa estabilidade ainda seria uma repercussão da redução da procura por trabalho nos meses de novembro e dezembro de 2022 sobre o início de 2023”, explicou Adriana Beringuy, coordenadora da PNAD Contínua.
Já em relação ao trimestre móvel de novembro de 2021 a janeiro de 2022, houve uma queda de 2,9 pontos percentuais (p.p.), visto que a taxa de desocupação estava em 11,2% no país naquele período.
Vale destacar que a população desocupada totalizou 9,0 milhões de pessoas no trimestre móvel encerrado em janeiro deste ano. Isso representa estabilidade em relação ao trimestre móvel anterior, mas, uma forte queda de 25,3% na comparação anual (menos 3 milhões de pessoas desocupadas).
Apesar da queda, os números continuam muito elevados entre as grandes economias mundiais. Ainda assim, os dados refletem a melhora na condição do mercado de trabalho do país. Contudo, as dificuldades no país ainda são muito grandes.
População ocupada recua no trimestre
Apesar da recuperação do mercado de trabalho, a PNAD Contínua revelou que houve também dados negativos no primeiro mês do governo Lula. Em suma, a população ocupada somou 98,6 milhões no trimestre móvel de setembro a novembro de 2022.
Esse número representa uma queda de 1,0% em relação ao trimestre móvel anterior (menos 1 milhão de pessoas). Por outro lado, na comparação com o trimestre móvel encerrado em janeiro de 2022, houve alta de 3,4% (mais 3,2 milhões de pessoas).
Segundo Adriana Beringuy, o recuo no número da população ocupada sucede uma “sequência de expansão do número de trabalhadores nos trimestres móveis de 2022″.
Aliás, em meio a esse cenário de estabilidade de desocupação e queda na ocupação, a coordenadora da pesquisa afirmou que há dois panoramas: “em uma análise de mais curto prazo é observada uma queda na formação de trabalho enquanto no confronto com um ano atrás o cenário ainda é de ganho de ocupação”, disse.
“Esse efeito conjugado entre a estabilidade da população desocupada e retração do número de trabalhadores, deixou a taxa de desocupação estável”, acrescentou.
A PNAD ainda mostrou que o nível de ocupação ficou estimado em 56,7%, queda de 0,7 p.p. em três meses, mas alta de 1,3 p.p. em um ano. A propósito, nível de ocupação se refere ao percentual de pessoas ocupadas na população em idade de trabalhar.
População desalentada recua
O levantamento do IBGE ainda revelou que a população desalentada no Brasil somou 4 milhões no trimestre móvel encerrado em janeiro deste ano. Esse número ficou 5,3% menor que o observado no trimestre móvel anterior (menos 220 mil pessoas). Já na comparação com o trimestre móvel encerrado em janeiro de 2022, a queda foi de 16,7% (menos 817 mil pessoas).
Em resumo, o IBGE explica que a população desalentada é formada por pessoas que estavam fora da força de trabalho do país devido a alguma das seguintes razões:
- Não conseguia trabalho;
- Não tinha experiência profissional;
- Era muito jovem ou muito idoso;
- Não encontrou trabalho na localidade onde mora;
- Não teria condições de assumir a vaga caso conseguisse o trabalho.
Em outras palavras, os desalentados do país formam a parte da força de trabalho potencial. Isso quer dizer que eles poderiam trabalhar, mas não o fizeram devido a circunstâncias específicas.
Os dados também mostraram que o percentual de desalentados na força de trabalho atingiu 3,5% no trimestre móvel de novembro de 2022 a janeiro de 2023. Na comparação trimestral, o nível ficou estável, mas recuou 0,7 p.p. na base anual.
Entenda a PNAD Contínua
De acordo com o IBGE, a PNAD Contínua acompanha as variações trimestrais e a evolução da força de trabalho no Brasil. A saber, isso acontece em médio e longo prazo através de coleta, em âmbito nacional, de informações necessárias para o estudo do desenvolvimento socioeconômico do país.
Em síntese, a implantação da PNAD Contínua aconteceu em outubro de 2011, alcançando o caráter definitivo em janeiro de 2012. A PNAD também divulga informações mensais e anuais, além das trimestrais, sobre força de trabalho no país, desemprego, entre outros pontos.
Os analistas do mercado ficam atentos a esses dados para traçarem possíveis resultados futuros relacionados ao mercado de trabalho brasileiro.