As provas de português de concursos têm uma lista clássica de assuntos que os candidatos devem dominar. A aplicação da crase é um dos temas mais recorrentes e, ainda assim, causa muita ansiedade aos candidatos.
Para acertar no uso da crase, o candidato precisa apenas saber de alguns detalhes da língua portuguesa e estar atendo às regras ortográficas. E é mais simples do que aparenta ser!
O primeiro passo para o acerto é entender o que significa a crase. Essa acentuação expressa a contração da preposição a com o artigo feminino definido a. É um mecanismo empregado para indicar que há artigo e preposição com formas iguais na sentença, como na frase abaixo:
Ela pediu para sair à noite. (a + a = à)
Se houver dúvida quanto a necessidade da preposição a, é uma boa pedida substitui-la por outra preposição. Percebe-se facilmente que nesta frase a crase deve ser utilizada quando substituímos a preposição a pela preposição durante:
Ela pediu para sair durante a noite.
A contração também pode ser feita com o artigo feminino no plural: a (prep.) + as (art. plural) = às. Exemplo: As bruxas pertenciam às fantasias infantis.
Não há sentido em utilizar crase antes de substantivos masculinos, pois o artigo para estas palavras é o. A contração será feita dessa maneira:
O problema de restringe ao conserto do carro. (a + o = ao)
Quando NÃO usar a crase?
Após aprender esses detalhes, ainda podem restar algumas dúvidas sobre o uso da crase, por isso, elencamos contextos linguísticos nos quais não se deve usar a crase:
1. Não usar crase antes de pronomes:
É proibido o uso da crase antes de pronomes. Há exceção apenas para pronomes possessivos, nestes casos o uso é facultativo.
CORRETO: Dei todas as informações à/a minha amiga.
ERRADO: Dei flores à ela.
2. Nunca usar crase antes de verbos:
Não é permitido usar a crase antes de verbos. A crase é a contração da preposição com o artigo definido feminino, lembra? Não havendo um destes elementos, não há crase.
Estou a ouvir uma bela canção do Caetano.
3. “A no singular com palavra no plural? crase nem a pau”:
Essa atitude está relacionada a pessoas ridículas.
Quando a preceder uma palavra no pural, não se deve empregar o sinal gráfico da crase.
4. Nunca usar a crase em casos com nome do lugar que não recebe o artigo definido especificando-o:
Os moradores de Roma se encontram na quarentena.
Vou a Roma.
vs
O presidente da Itália se pronunciou.
Vou à Itália.
5. Nunca usar crase em expressões formadas por palavras repetidas:
CORRETO: Ficou frente a frente com o ídolo.
ERRADO: Ficou frente à frente.
6. Não usar antes de palavras masculinas:
Como mencionado acima, a contração da preposição a com o artigo definido masculino o dispensa a crase.
A crase só ocorre antes de nomes masculinos quando é implícita a expressão à moda de:
Bruno Henrique fez um gol à Pelé.
Quando a crase é opcional?
O uso da crase é facultativo em alguns casos.
- Antes de pronomes possessivos femininos: Ele desejou boa viagem à/a minha mãe.
- Antes de nomes próprios femininos: Contei à/a Cecília que estou grávida.
- Após a preposição até: Fui até à/a praia.
A questão da crase em concursos
Em concursos a crase costuma ser cobrada nas questões de dois modos: justificativa ou alteração.
Nas justificativas, as questões pedem que você explique a utilização o ou a ausência da crase em determinados contextos, que podem estar relacionadas à regência da palavra, por exemplo, como em:
Devido à paralisação das atividades.
Nesta frase o uso da crase está relacionado à regência da palavra, pois devido exige o empreso de uma preposição.
Nas questões em que a alteração é requerida, as questões pedem que seja feita alguma modificação através da reescrita de uma frase ou da inserção da crase no casos necessários.
Para ir bem em ambas as questões decorar as regras de exceção não é suficiente, é necessário compreender o porquê do uso da crase.