Decisão do Copom contrata inflação futura para Brasil, diz Haddad

Decisão do Copom contrata inflação futura para o Brasil, avalia Haddad

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, criticou nesta quinta-feira (22) a decisão do Banco Central (BC) em manter a taxa básica de juro da economia brasileira, a Selic, em 13,75% ao ano. Essa foi a sétima vez consecutiva que a entidade financeira optou pela manutenção da taxa Selic.

De acordo com Haddad, essa decisão contrata uma “inflação futura” para o Brasil. A declaração ocorreu em Paris, onde o ministro acompanha o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em viagem oficial.

Nós estamos contratando um problema com essa taxa de juros. É isso que essa decisão significa. Está contratando inflação futura e aumento da carga tributária futura. É isso que está sendo contratado“, disse o ministro da Fazenda.

No comunicado do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC, ponderou-se que ainda há riscos de alta da inflação no Brasil devido a pressões globais. Além disso, as incertezas “residuais” envolvendo a votação do arcabouço fiscal também pode pressionar a taxa inflacionária no país.

Contudo, diferentemente do que ocorreu nas últimas reuniões do Copom, o BC retirou a frase de que poderia aumentar a taxa de juros no país. Ainda assim, a autarquia não revelou quando irá promover um corte na taxa básica de juro da economia brasileira, a Selic.

Copom deveria informar quando os juros irão cair

Segundo o ministro da Fazenda, o Copom deveria, ao menos, informar quando os juros irão começar a cair no Brasil. Haddad revelou que a pasta está preocupada com a decisão do Banco Central, pois os dados econômicos mais recentes estão mostrando uma queda firme na inflação do Brasil, mas o BC continua mantendo os juros elevados.

O comunicado, como de hábito, é o quarto comunicado muito ruim. Todos foram ruins. E às vezes ele corrige na ata [divulgada seis dias após a reunião do Copom], mas não alivia a situação. Há um descompasso entre o que está acontecendo com o dólar, com a curva de juros, com a atividade econômica. É um claro sinal de que podíamos sinalizar um corte na Taxa Selic“, disse Haddad.

Para quem não sabe, o Brasil possui a maior taxa de juros reais do mundo. Esse levantamento compilado , realizado pelo MoneYou e pela Infinity Asset Management, analisa 40 países, incluindo as maiores economias do planeta. A lista desconta a inflação projetada para os próximos 12 meses e, então, informa a taxa de juros reais.

Na verdade, o Brasil está na liderança global do ranking de juros reais desde maio de 2022, ou seja, há um ano. Cabe salientar que a taxa Selic está em 13,75% ao ano desde agosto de 2022. De lá para cá, a taxa vem se mantendo estável nesse patamar, mas a expectativa é de queda já na próxima reunião do Copom.

Ministro da Fazenda critica BC por manter taxa Selic no maior patamar em seis anos e meio
Ministro da Fazenda critica BC por manter taxa Selic no maior patamar em seis anos e meio. (Imagem: Agência Brasil).

Selic elevada deverá impactar as contas públicas

O ministro ainda afirmou que o BC deveria ter promovido o primeiro corte na taxa Selic em março, ou seja, há três meses. Entretanto, o Copom decidiu manter a taxa de juros elevada, e isso impactará as contas públicas, tanto da União, quando de estados e municípios, segundo Haddad.

Os estados estão perdendo arrecadação. Os municípios estão perdendo arrecadação. A União não está performando“, disse o ministro em Paris.

Em resumo, o aumento da arrecadação de tributos é uma das principais metas do governo Lula, que tenta reduzir o déficit das contas públicas esperado para este ano. Como os juros estão muito elevados, afetando o resultado da arrecadação federal, o governo vem pressionando o BC para reduzir a taxa de juros no Brasil.

Aliás, o presidente Lula também já fez diversas críticas ao BC por manter a taxa Selic em 13,75% ao ano, maior patamar em mais de seis anos e meio.

Na última segunda-feira (19), Haddad almoçou com o presidente do BC, Roberto Campos Neto, um encontro fora da agenda oficial. O ministro afirmou que está fazendo “um esforço genuíno” para entender os motivos que levam o Banco Central a manter a taxa de juros tão elevada no país.

Estou falando como brasileiro, não estou falando aqui de outra maneira. Eu não consigo entender. Com tudo o que aconteceu esse mês? Eu não vou levantar hipótese sobre a subjetividade das pessoas. O que eu digo é o seguinte: na técnica, eu não consigo entender esse comunicado [do Copom]“, criticou Haddad.

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