Os juros bancários médios do país alcançaram o maior patamar em mais de cinco anos e meio. De acordo com o Banco Central (BC), a taxa média de juros com recursos livres de pessoas físicas e empresas chegou a 44,2% ao ano em fevereiro de 2023.
Essa é a taxa mais elevada desde agosto de 2017, época em que os juros bancários haviam alcançado 45,6% ao ano. Aliás, os juros subiram 0,7 ponto percentual (p.p.) em relação a janeiro, quando a taxa estava em 43,5% ao ano.
Já na comparação com fevereiro de 2022, os juros saltaram 7,6 p.p., visto que a taxa observada no segundo mês do ano passado estava em 36,5% ao ano.
Vale destacar que a trajetória dos juros bancários vem se mantendo em alta nos últimos anos. Em suma, a variação acumulada em 2021 foi de 8,4 p.p., enquanto o avanço registrado em 2022 ficou em 8,2 p.p. A título de comparação, estes foram os maiores avanços anuais desde 2015, quando o juro bancário disparou 9,9 p.p. no país.
Todos estes dados refletem as dificuldades que as famílias brasileiras vêm enfrentando nos últimos tempos. E o nível dos juros, que se manteve abaixo de 30% ao ano durante todo o primeiro semestre de 2021, passou a acelerar nos últimos meses daquele ano, pressionado pelo aumento da taxa Selic no país.
A propósito, o Banco Central (BC) divulgou os dados nesta quarta-feira (29). Em síntese, o indicador da entidade financeira não inclui os créditos habitacional, rural e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Juros sobem para empresas e pessoas físicas
Segundo o BC, a taxa média de juros cobrada nas operações com empresas alcançou 24,2% ao ano em fevereiro de 2023. Isso representa um recuo de 1,1 p.p. na comparação com o mês anterior, quando a taxa chegou a 25,3% ao ano.
Por outro lado, os juros médios cobrados nas operações com pessoa física avançaram 1,7 p.p. no mês passado, impulsionando a taxa nacional de juros bancários em fevereiro.
Em resumo, o avanço registrado fez a taxa média dos juros bancários passar de 56,6% ao ano, em janeiro, para 58,3% ao ano em fevereiro. Isso mostra que as pessoas físicas pagam mais que o dobro de juros do que as empresas.
Seja com for, os juros bancários vêm crescendo no país devido ao aumento da taxa Selic. Isso porque o BC elevou em 12 vezes consecutivas a taxa Selic, entre março de 2021 e agosto de 2022. Essa foi a maior sequência de elevações da taxa Selic em 23 anos.
Para quem não sabe, a Selic é o principal instrumento do BC para segurar a inflação no país. A alta da Selic eleva os juros praticados no país, reduzindo o poder de compra do consumidor e desaquecendo a economia. Assim, a inflação tende a cair também, pois a demanda fica enfraquecida.
Isso acontece porque os juros de diversos setores, como o bancário e o imobiliário, também sobem. Com isso, o consumidor se vê obrigado a modificar seus hábitos, reduzindo o consumo, e, consequentemente, desacelerando a atividade econômica do país.
Como os juros de diversos setores ficam mais elevados, muitas pessoas preferem esperar um período mais adequado para adquirir algum item ou contratar determinados serviços. Ao mesmo tempo, como a inflação também se mantém em patamar firme, a renda fica ainda mais corroída, e muitos brasileiros passam a se endividar mais, caso mantenham o mesmo padrão de vida.
ALERTA: Cuidado com o cartão de crédito
O BC também revelou as variações registradas pelo cheque especial e pelo cartão de crédito. No caso do cheque especial, a taxa média de juro saltou 5,4 p.p., de 132% ao ano, em janeiro, para 137,4% ao ano em fevereiro. Esse é o maior patamar desde janeiro de 2020 (140,8% ao ano).
No entanto, o grande destaque ficou com a variação do cartão de crédito rotativo, cuja taxa média de juros cobrada pelos bancos disparou 6 pontos percentuais. A saber, as pessoas que recorreram a essa modalidade enfrentaram juros de 417,4% ao ano em fevereiro, ante uma taxa de 411,4% ao ano no final de 2022.
Em síntese, esse foi o maior nível alcançado pelo segmento desde agosto de 2017 (428% ao ano), ou seja, em cinco anos e meio. Como a linha de crédito é muito cara, os analistas recomendam que o consumidor a evite, seja qual for a situação em que estiver.
A propósito, o rotativo é a linha de crédito pré-aprovada no cartão, fator que facilita o seu uso. Além disso, o rotativo inclui saques feitos na função crédito do meio de pagamento. Contudo, esses benefícios não compensam os juros, que são extremamente altos.