A microbiologista Natalia Pasternak criticou o atraso da vacinação contra Covid-19 no Brasil, em entrevista à Globo News. Segundo a especialista, a falta de diretrizes claras do Ministério da Saúde para o PNI (Plano Nacional de Imunização) causará atrasos.
“É preciso desburocratizar a vacinação no Brasil para que ela possa andar mais rapidamente. Está muito confuso. Alguns lugares pedem termo de consentimento, alguns estão vacinando rápido e já entregam a carteirinha, mas outros têm filas quilométricas e fazem um questionário”, criticou a especialista.
Natalia ainda deu como exemplo experiências de campanhas de vacinação anteriores que aconteceram no Brasil sem o atraso verificado agora no Plano Nacional de Imunização contra Covid-19.
“Cadê as diretrizes nacionais? Se continuar essa bagunça, vai atrasar o processo de vacinação. Até agora vacinamos 800 mil pessoas no estado de São Paulo? A gente vacina 500 mil pessoas por dia na campanha de gripe”, questionou a microbiologista.
A vacinação contra Covid-19 em território nacional começou dia 17 de janeiro, após aprovação do uso emergencial da CoronaVac, desenvolvida pela Sinovac Biotech e de responsabilidade do Instituto Butantan no Brasil, e da vacina de Oxford, da farmacêutica AstraZeneca em parceria com a Universidade de Oxford e testada pela Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz).
Governo precisa priorizar vacinação contra Covid-19
Até o momento, pouco mais de 3 milhões de pessoas foram vacinadas, o que representa cerca de 1,90% da população brasileira. De acordo com Natalia Pasternak, o governo federal precisa priorizar a vacinação contra Covid-19 ao invés de focar em outros temas. Para ela as prioridades devem ser: conseguir mais vacinas e acelerar o processo de vacinação.
“Enquanto a gente não conseguir cumprir esses dois requisitos, não adianta ficar falando de economia. Não adianta o presidente ficar falando de porte de armas”, disse Pasternak.
Natalia também criticou a falta de agilidade do Ministério da Saúde para aumentar a quantidade de vacinas disponíveis no Brasil.
“A gente sabia desde o começo que essas duas vacinas [CoronaVac e AstraZeneca] não iam dar conta do Brasil inteiro. A vacina da Janssen, de uma só dose, está saindo agora no mercado, mas o governo não está indo atrás. Cadê o acordo? Se bobear, vamos para o fim da fila porque todos os outros países vão passar na nossa frente. Não é só vacinar rápido. O Ministério da Saúde precisa pensar mais rápido”.
A microbiologista alerta que é preciso ter vacinas diferentes devido às mutações do novo coronavírus e aponta que é possível ‘misturar’ imunizantes contra Covid-19 para acelerar o processo de vacinação no Brasil.
“A gente precisa ter vacinas diferentes visto a grande quantidade de mutações que, infelizmente vão continuar acontecendo a medida que o vírus circula livremente pelo mundo. Há testes em andamento para ver a eficácia de ‘misturar as vacinas’. Aplicar a Pfizer na primeira dose e a AstraZeneca na segunda, por exemplo. Temos exemplos históricos disso com a vacina da pólio e a mistura permite combinar as vacinas disponíveis no Brasil”.