O médico Carlos Carvalho, escolhido pelo novo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, para orientar os protocolos do Ministério da Saúde no combate à pandemia de Covid-19, é crítico do uso da cloroquina e de outros medicamentos sem eficácia contra a doença.
O pneumologista e professor da Universidade de São Paulo é a favor do uso de máscaras e do isolamento social como medida preventiva contra o coronavírus. Segundo ele, “não há remédio que previna” a Covid-19.
“É importante dizer que não tem tratamento milagroso. A medicina não tem um tratamento que mude o curso da doença. Não há remédio que previna. A certeza que temos é o isolamento, o afastamento das pessoas e a barreira mecânica criada com o uso da máscara. É isso que realmente previne. Nos casos mais graves, aprendemos que alguns tratamentos podem ser úteis”, disse Carvalho, em julho do ano passado, em entrevista ao jornal O Globo.
Carlos Carvalho foi convocado por Marcelo Queiroga para comandar o núcleo técnico de combate à Covid-19 do Ministério da Saúde. Esse grupo ficará incumbido de definir protocolos de atendimento e dar orientações, como sobre em qual momento pacientes devem ser internados e quando devem receber reposição de oxigênio.
“Nós estamos agora, com o firme propósito, e essa é uma providência do momento, de instituir uma secretaria especial para o combate à pandemia da Covid-19. Essa secretaria vai cuidar somente da pandemia” disse Queiroga, em entrevista coletiva.
“Nós constituímos, dentro da secretaria especial de combate à pandemia, um núcleo técnico, que vai ser coordenado pelo professor Carlos Carvalho, professor titular da Universidade de São Paulo, que vai coordenar os protocolos assistenciais.”, completou o ministro.
Cloroquina contra Covid-19 contribuiu para letalidade maior
Em entrevista publicada pela BBC Brasil na terça-feira (23), o médico Carlos Carvalho voltou a criticar o uso de medicamentos sem eficácia comprovada contra Covid-19, como a cloroquina defendida por Bolsonaro, dizendo que “informações desconexas sobre medicação sem eficácia contribuíram para a letalidade maior na nossa população”.
O médico foi um dos responsáveis pelo tratamento do cardiologista Roberto Kalil Filho, quando ele contraiu Covid-19 em 2020. Na ocasião, Kalil tomou cloroquina contra a orientação de Carlos Carvalho.
“Não há como dizer que foi a cloroquina que ajudou o Kalil. Ele tomou outros remédios além dela. Eu mesmo tive coronavírus, tomei Novalgina e outros remédios e estou curado. Vou dizer que a Novalgina cura coronavírus?”, questionou o médico, em abril, ao jornal Folha de S.Paulo.