Após lockdown de 15 dias, Araraquara, no interior de São Paulo, registrou queda de novos casos de Covid-19. Atingida pela variante brasileira (P1), a cidade proibiu a circulação de moradores para combater a pandemia e diminuir a pressão sobre o sistema de saúde. Os resultados começam a aparecer agora, segundo a secretária de Saúde do município, Eliana Honain.
“A gente saiu de quase 50% dos testes positivados para 23%. Hoje, estamos colhendo os frutos do lockdown com a diminuição do número de casos. Foi um fruto doído, mas bem recebido porque mostra que a gente conseguiu diminuir a transmissão. A gente tira a lição do quanto é importante o isolamento social”, avaliou ao portal G1 a secretária Eliana Honain.
O lockdown teve início dia 21 de fevereiro, um dia após Araraquara bater recorde de novos casos de Covid-19 com 248 positivos. Já nesta segunda (8), 15 dias após o começo do confinamento, foram registrados apenas 58 novos casos.
Ao comparar o dado desta segunda (8) com o da segunda-feira passada, quando 95 novos casos foram contabilizados, a queda foi de 38,9%. No total, a cidade registrou 15.577 infectados desde o começo da pandemia.
Entre 18 e 21 de fevereiro, nos 4 dias que antecederam o lockdown, o percentual de positivos entre os testados para Covid-19 ficava entre 37% e 49%. Já nos 4 últimos dias, entre 4 e 7 de março, a variação ficou entre 19% e 26%, mostrando uma queda expressiva como resultado do confinamento.
Durante o lockdown na cidade com 240 mil habitantes, veículos e pessoas podem circular apenas para comprar produtos ou prestar serviços essenciais liberados pelo decreto municipal. Quem estiver na rua, precisa comprovar o motivo com um documento que justifique a circulação, sob pena de multa de R$120.
Em 2021, 160 morreram de Covid-19 em Araraquara, o que representa 62,3% de todos os óbitos pelo novo coronavírus na cidade desde o começo da pandemia.
De acordo com Eliana Honain, ainda não deu tempo para o lockdown surtir efeito no número de mortes. Tal diminuição deve demorar cerca de 10 dias por conta da dinâmica da doença, que se agrava entre o 8° e 10° dia após a infecção.
“Ainda não há resultado no número de mortes porque os pacientes que vieram a óbito estavam internados há mais tempo, foram contaminados no período de maior transmissibilidade”, explicou. “É muito triste isso porque, se não fossem tantos contaminados, nós, com certeza, não teríamos esse número de óbitos.”
A ocupação de leitos de UTI (Unidade de Tratamento Intensivo) ficou em 100% por dez dias, caindo para 93% nesta segunda (8) devido ao aumento no número de leitos.
“Todos os dias a gente vem abrindo leitos, por isso que a gente acha que a ocupação não é o número perfeito para demonstrar o avanço da doença. Para a gente, o que mensura a situação é o número de pessoas internadas a cada dia”, afirmou Eliana.