Nesta segunda-feira (15), o vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB) disse que o governo deveria ter feito uma campanha nacional pelo uso de máscaras e contra aglomeração desde o começo da pandemia de Covid-19 no Brasil. As declarações foram dadas ao canal MyNews no mesmo dia em que foi anunciada a troca de comando no Ministério da Saúde.
“Eu julgo que nós deveríamos ter, desde o começo, tido uma campanha em nível federal – uma vez que as medidas locais pertencem aos gestores e isso é inconteste –, uma campanha séria de conscientização da população. Não é uma questão de lockdown ou não lockdown, mas uma questão de as pessoas entenderem que elas têm que se resguardar o máximo possível, evitando, vamos dizer, aglomerações com gente que desconhecem”, disse Mourão.
Segundo o vice-presidente, o governo federal falha na comunicação sobre a pandemia de Covid-19 e precisa melhorar neste quesito.
“Uma coisa é você estar em reunião em família que todo mundo você sabe de onde veio, se teve doença, se não teve doença, se teve contato, se não teve contato. Outra coisa é você ir para ambiente onde não há nenhum tipo de controle. E isso a gente deveria ter falado o tempo todo. Assim como as próprias questões mais elementares, do uso de máscara, de lavar as mãos, do uso de álcool. Acho que isso foi uma falha nossa aqui do governo que a gente podia ter trabalhado melhor”, apontou o vice-presidente.
As declarações de Mourão vão na contramão do que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) diz sobre o uso de máscaras e as medidas de isolamento social implementadas por governadores e prefeitos para conter a pandemia de Covid-19 no Brasil.
Bolsonaro criticado por não incentivar uso de máscaras
No mesmo dia que Mourão avaliou que o governo federal falhou em não promover uma campanha nacional de conscientização incentivando uso de máscaras e o distanciamento social, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) foi criticado por entidades no Conselho de Direitos Humanos da ONU.
“Ele desdenha das recomendações dos cientistas; ele tem, repetidamente, semeado descrédito em todas as medidas de proteção – como o uso de máscaras e distanciamento social; promoveu o uso de drogas ineficazes; paralisou a capacidade de coordenação da autoridade federal de Saúde; descartou a importância das vacinas; riu dos temores e lágrimas das famílias e disse aos brasileiros para parar ‘de frescura e mimimi’”, apontou.
“É por isso que estamos aqui, hoje, para chamar a atenção deste Conselho e apontar a responsabilidade do Presidente Bolsonaro em promover, por palavras e atos, uma devastadora tragédia humanitária, social e econômica no Brasil”, afirmou a representante da Comissão Arns, Maria Hermínia Tavares de Almeida, antes do discurso na ONU.