O presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), Paulo Solmucci, criticou a maneira que os políticos adotaram medidas de distanciamento social na pandemia da Covid-19. De acordo com ele, o “abre e fecha” nos estabelecimentos virou, na verdade, uma campanha política. O que limitou o debate das medidas com os empresários e o governo.
As declarações foram dadas em entrevista ao a live do Brasil Econômico desta quinta-feira (13). Ele ainda alertou que a segunda onda da Covid-19 foi “contratada durante as campanhas eleitorais”.
“Do primeiro ao último dia do segundo turno, o índice de transmissão [da Covid-19] cresceu. Nós saltamos de um nível de estabilidade e queda antes das campanhas para um aumento até o final do segundo turno”, disse.
Mesmo assim, ele diz que a gestão não foi ruim. “Poderia ser melhor? Poderia. Mas quando você olha para o mundo, o Brasil não está tão mal. Pelo contrário, o Brasil está entre os 10, 20 melhores”.
De acordo com últimos dados divulgados, o Brasil tem 430.417 mortes e 74.592 novos casos da Covid-19. No final do mês passado, o país era o segundo com mais mortes em todo mundo. Veja comparação com outros países aqui.
Pandemia da Covid-19 e impactos
O presidente da Abrasel ainda declarou que não pretende aceitar novos fechamentos arbitrários do comércio. E que poderá recorrer a Justiça caso as situações se repitam.
“Não é que não aceitamos ter que fechar novamente. Se houver necessidade, vamos agir. O que não aceitamos é ficar escolhendo quem é essencial e quem não é. Se [o governo] tiver que tomar uma atitude destas, vamos partir para um lockdown sério que seja, inclusive, nacional”, disse.
A associação também realizou um levantamento dos impactos da pandemia, entre eles estão:
- 30% dos comércios que recorreram ao devivery ou vendas on-line fecharam;
- 300 comércios estão encerrando a operação por dia no estado de São Paulo;
- Em São Paulo, é estimado que o faturamento cai 50%, devido a proibição do consumo de bebidas em bares.
Ele ainda declarou que os setores estão “por um triz” e que deve avaliar o cenário geral de medidas contra a Covid-19. “Se sentirmos que alguns setores são tratados diferentemente de outros, não vamos incentivar a desobediência, mas ela está por um triz. As empresas não aguentam mais”, destacou.
No mesmo dia da entrevista o aumento de salário para diversos políticos foi divulgado, veja quanto cada um deve receber.