O prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), interrompeu a testagem em massa de Covid-19 em alunos, professores e funcionários das escolas municipais em dezembro de 2020 após cumprir apenas 17,7% da meta.
Dez dias após o início da campanha eleitoral para prefeito, Bruno Covas havia prometido testar todos os alunos e funcionários da rede municipal antes da volta às aulas, o que demandaria 777 mil testes e levaria cerca de 40 dias. No entanto, a ação foi interrompida cerca de dois meses antes da reabertura das escolas e, segundo a Secretaria Municipal de Saúde, nem os 181 mil testes previstos para a primeira etapa foram concluídos.
“Na primeira fase [de 1º a 10 de outubro] (…) foram 136.011 pessoas testadas. Em 11 de novembro, teve início a segunda fase (…) com a testagem de 1.578 pessoas: 247 crianças e 1.331 professores e apoiadores”, informou a Secretaria Municipal de Saúde.
A secretaria disse que interrompeu a testagem em massa para readequar o calendário para a volta às aulas.
“Assim, a ação foi encerrada em dezembro, pois, com o plano de retomada das aulas a partir de fevereiro de 2021, as ações foram voltadas aos protocolos de biossegurança nas escolas” e “identificação e atendimento dos casos de sintomáticos respiratórios”, diz a nota da Secretaria Municipal de Saúde.
Apesar de cumprir menos de 20% da meta planejada, a pasta diz que a ação “possibilitou mapear e dar um panorama da disseminação do vírus para traçar as medidas gerenciais (…), cumprindo o esperado no anúncio dos testes”.
Importância dos testes de Covid-19 nas escolas
Em entrevista ao portal UOL, a imunologista da SBI (Sociedade Brasileira de Imunologia) Cristina Bonorino defende a testagem em massa de alunos e professores nas escolas, dizendo que deve ao menos ser feito o teste de “teste rápido de antígeno para triagem” dos infectados.
“O antígeno é uma proteína do vírus. Identificado, significa que ele está ativo no corpo, mesmo que o indivíduo esteja assintomático”, diz a bióloga. “Aí isola aquele professor ou aluno para não fazer contato com os outros. Ajudaria muito, seria o jeito certo de fazer”, afirma Cristina.
A imunologista aponta que professores precisam ser incluídos no Plano Nacional de Imunização contra Covid-19, pois “em todos os lugares em que as aulas voltaram sem distanciamento, máscaras ou cuidado rigoroso, a taxa de infecção entre eles dobrou”.
“Uma medida importante seria vacinar os professores porque as crianças transmitem o vírus, mesmo que não estejam doentes. As crianças são vetores e é isso o que as pessoas precisam entender”, conclui a médica.