O dólar comercial encerrou a sessão desta terça-feira (1º) em alta, influenciado pela tensão dos mercados. Os analistas passaram o dia atentos a qualquer notícia envolvendo a taxa de juros do Brasil. No exterior, dados negativos vindos da China também ajudaram a impulsionar a divisa norte-americana.
Em resumo, o dólar subiu 1,27% no pregão, o que corresponde a R$ 0,06, fechando o dia cotado a R$ 4,79. Esse é a cotação mais alta da divisa em quase duas semanas, o que indica que as preocupações foram fortes o suficiente para pressionar a moeda a um patamar não visitado nos últimos dias.
Embora o dólar tenha tido uma forte alta na sessão, a moeda está acumulando uma queda de 9,27% ao ano. A saber, a divisa fechou o ultimo pregão de 2022, do dia 29 de dezembro, cotada a R$ 5,278, ou seja, acumula uma perda de quase R$ 0,50 em 2023.
Entenda a alta do dólar nesta terça-feira (1º)
A sessão desta terça-feira (1º) já começou com o pessimismo em alta. Isso porque os investidores costumam analisar os mercados interno e externo para decidirem o que fazer com seus ativos, e as notícias vindas do exterior preocuparam os analistas.
Em suma, o PMI industrial da China, medido pela S&P Global/Caixin, caiu de 50,5 para 49,2 pontos em julho. A notícia preocupou o mercado, visto que taxas abaixo de 50 pontos refletem a contração da atividade.
Como a China é a segunda maior economia do planeta, e tem o poder de impulsionar a atividade econômica global, dados negativos sobre o desempenho do país sempre preocupam o mundo todo. Quando isso acontece, os investidores preferem alocar seus ativos em locais mais seguros, como os Estados Unidos e a Europa, retirando-os de países emergentes, como o Brasil.
Aliás, vale destacar que o mesmo indicador também ficou negativo na Europa em julho. O PMI Industrial da zona do euro caiu de 43,4 para 42,7 pontos no mês passado, atingindo o menor nível em mais de três anos.
Expectativa com reunião do Copom
Além do cenário internacional, os investidores também ficaram atentos ao Comitê de Política Monetária (Copom) do BC, que se reuniu nesta terça-feira (1º) para definir os rumos da política monetária do Brasil
A expectativa é que o Copom reduza a taxa básica de juros da economia brasileira, a Selic, em 0,25 ponto percentual (p.p.), para 13,50% ao ano. Caso isso realmente se confirme, o corte será o primeiro após quase um ano completo de juros a 13,75% ao ano, maior patamar desde novembro de 2016 (14,00% ao ano).
Alguns analistas acreditam que o Banco Central poderá realizar um corte ainda maior, de 0,50 p.p.. Contudo, o consenso geral é que isso não vai acontecer, pois a autarquia vem mantendo cautela quando o assunto é política monetária. Como essa será a sua primeira redução em dois anos, o mais esperado é que o corte seja mínimo.
Ibovespa fecha dia no vermelho
Geralmente, a cotação do dólar e o desempenho da Bolsa de Valores Brasileira seguem direções opostas nos pregões. Isso porque os fatores que impulsionam um, acabam derrubando o outro, ao menos boa parte deles. E foi justamente isso o que aconteceu no pregão desta terça-feira (1º).
O aumento do pessimismo e das preocupações fortalece o dólar, já que os investidores preferem buscar ativos mais seguros, e a moeda norte-americana é considerada a mais segura do planeta. Em contrapartida, muitas pessoas vendem ativos de países emergentes, como o Brasil, que não oferecem muita segurança, ou seja, o que fortalece o dólar enfraquece a Bolsa de Valores, e vice-versa.
Em síntese, o Ibovespa, que é o indicador do desempenho médio das cotações das ações negociadas na B3, a Bolsa Brasileira, caiu 0,57%, a 121.248 pontos. Essa queda eliminou parte do ganho registrado no dia anterior, mas o indicador segue positivo na semana (0,88%). No acumulado de 2023, o ganho é bem mais expressivo, de 10,49%.
Neste primeiro pregão de agosto, 45 das 85 ações listadas no Ibovespa fecharam o dia em queda. Isso mostra que não houve uma fuga generalizada dos investidores, e o resultado ficou bastante equilibrado. Contudo, as quedas exerceram maior influência no indicador e o derrubaram na sessão. A carteira teórica do Ibovespa teve uma movimentação financeira de R$ 18 bilhões no dia.
Por fim, cabe salientar que o Ibovespa encerrou julho em alta de 3,26%. A taxa desacelerou em relação a junho, quando o indicador disparou 9%, mas o resultado foi muito positivo, pois julho foi o quarto mês consecutivo de alta do índice.