Após três altas consecutivas, o dólar voltou a cair, aliviando um pouco o câmbio. O principal destaque da sessão desta quinta-feira (28) ficou com a divulgação do Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos referente ao segundo trimestre deste ano, mas o cenário doméstico continuou no radar dos investidores.
No pregão, o dólar caiu 0,16% e fechou o dia cotado a R$ 5,0399. Na véspera, a moeda americana havia subido 1,22%, atingindo o maior patamar desde o final de maio, ou seja, em quase quatro meses.
Com o acréscimo do resultado de hoje, o dólar passou a acumular uma alta de 2,18% em setembro. Contudo, no acumulado de 2023, a divisa segue no campo negativo, registrando uma queda de 4,51% no ano.
A propósito, a moeda norte-americana chegou a acumular um tombo de 11% entre janeiro e julho, mas a divisa avançou em agosto e eliminou boa parte do recuo. Agora, em setembro, o dólar também está em alta, principalmente por causa das preocupações vindas do exterior.
PIB dos EUA vem mais fraco que o esperado
Nesta quinta-feira (27), os investidores ficaram de olho nos dados mais recentes do PIB dos EUA. Em resumo, o indicador cresceu 2,1% no segundo trimestre deste ano, na comparação com o mesmo período do ano anterior. Apesar do crescimento, o resultado veio abaixo das projeções de analistas, que acreditavam em um avanço de 2,4% na base comparativa.
Além disso, o Departamento do Trabalho revelou que os novos pedidos de seguro-desemprego aumentaram 2 mil na semana passada, totalizando 204 mil pedidos no período. A saber, quanto maior o número de solicitações de seguro-desemprego, menos resiliente se mostra o mercado de trabalho norte-americano.
Todos esses fatores poderiam impulsionar o dólar, uma vez que as preocupações vindas dos EUA acabam afetando todo o mundo, uma vez que o país é a maior economia global. No entanto, o movimento desta quinta-feira (28) foi mais uma acomodação do câmbio, após três avanços seguidos e a ultrapassagem da marca de R$ 5,00, algo que não acontecia desde o final de maio.
Juros nos EUA afetam cotação do dólar
Na semana passada, o Federal Reserve (Fed), banco central dos EUA, manteve estável a taxa de juros no país, o que já era esperado pelo mercado. Em suma, a decisão não foi unânime, pois alguns diretores do Comitê de Política Monetária do Fed votaram a favor de uma elevação de 0,25 ponto percentual dos juros.
Apesar de o Fed não ter elevado os juros no país, a taxa está no maior patamar em mais de 20 anos nos EUA. Em outras palavras, os consumidores estão com o poder de compra em um nível muito baixo.
Por ora, o banco central decidiu aguardar mais um pouco para analisar os próximos dados relacionados à atividade econômica dos EUA, bem como o desempenho de outros indicadores, como taxa de desemprego e inflação, mas o banco não descartou a possibilidade de aumentar os juros ainda em 2023.
Essa decisão afeta diretamente a cotação do dólar, pois, quanto maiores os juros, maior o rendimento dos títulos norte-americanos. Isso atrai capital de investidores, fortalecendo a moeda norte-americana. Por isso que a divisa segue em nível elevado, já que os juros também estão muito altos no país.
Investidores também estão atentos ao Brasil
Embora o cenário internacional esteja prendendo a atenção dos investidores, os acontecimentos no Brasil também não estão passando despercebidos. Na semana passada, o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC reduziu em 0,50 ponto percentual a taxa básica de juros da economia brasileira, a taxa Selic.
A decisão continua repercutindo entre os investidores, que analisam os impactos do corte dos juros no país. Na verdade, a taxa de juros estava no maior patamar em quase seis anos, mas as reduções promovidas em agosto e setembro tiraram o país dessa realidade.
Isso acontece porque a taxa de juros dos países influencia a entrada de recursos de investidores. Assim, quanto maiores os juros, mais atraentes ficam os papéis públicos, o que tende a fortalecer a divisa do país em questão.
Por outro lado, os juros altos enfraquecem a economia do país, pois elevam o custo de vida, reduzindo o poder de compra do consumidor. Como os juros estão caindo no Brasil, as projeções para a economia brasileira em 2023 estão cada vez mais otimistas. Entretanto, as preocupações externas continuam mantendo o dólar em nível elevado.