O dólar caiu pela segunda sessão consecutiva, dando alívio ao mercado de câmbio. A aprovação do arcabouço fiscal ajudou a enfraquecer a moeda norte-americana, que caiu para o menor patamar em três semanas.
Nesta quarta-feira (23), o dólar fechou o pregão em queda firme de 1,73%, cotado a R$ 4,8548. Esse é o menor valor desde o dia 2 de agosto, quanto a moeda fechou a sessão cotada a R$ 4,8039.
Com o acréscimo deste resultado, o dólar passou a acumular uma perda de 2,26% na semana, reduzindo os ganhos de agosto para 2,66%. Aliás, a divisa chegou a subir mais de 5,00% neste mês, mas as recentes quedas eliminaram mais da metade dos ganhos.
Já no acumulado de 2023, o dólar segue no campo negativo, com uma queda de 8,02%. Em resumo, a moeda americana vem enfrentando desafios para se manter em alta ante o real devido aos acontecimentos internos, que estão incentivando os investidores a buscarem ativos de risco no país.
Aprovação do novo arcabouço fiscal
Assim como aconteceu na véspera, o que mais influenciou o mercado de câmbio nesta quarta-feira (23) foi o cenário doméstico. Em resumo, os investidores repercutiram a aprovação da proposta do novo arcabouço fiscal na Câmara dos Deputados, no final da noite da terça-feira (22).
A saber, a nova regra fiscal é a principal aposta do governo Lula para equilibrar as contas públicas e diminuir e estabilizar a dívida em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. O mecanismo ficará no lugar do teto de gastos, atual regra que limita o crescimento das despesas à inflação do ano anterior.
Cabe salientar que o novo arcabouço fiscal autoriza o aumento dos gastos acima da inflação, ou seja, a taxa inflacionária deixa de ser o principal teto para a alta dos gastos públicos. Além disso, a nova regra fiscal também determina que o crescimento dos gastos ficará condicionado ao aumento da arrecadação federal.
O mercado recebeu positivamente a aprovação do arcabouço fiscal, pois a nova regra elimina as chances de explosão da dívida federal, fator que pressiona no aumento dos juros, coisa que os investidores não gostam. Agora, falta apenas a sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para a regra entrar em vigor no Brasil.
Estados Unidos e China ainda preocupam
Nas últimas semanas, o mercado percebeu que os Estados Unidos e a China não deverão ter um crescimento expressivo em 2023. Os dados mais recentes dos EUA mostram desaceleração econômica e possibilidade de aumento dos juros, que já estão no maior patamar em mais de duas décadas.
Já a China, que era vista como a “salvação” para a economia global, em meio aos dados mais fracos dos Estados Unidos, está seguindo no mesmo caminho. Em síntese, a segunda maior economia do mundo está apresentando dados mais fracos que o esperado neste ano.
A desaceleração econômica nas duas maiores nações do planeta fez os investidores buscarem ativos mais seguros nas últimas semanas. A principal opção foram os títulos norte-americanos, considerados os ativos mais seguros do mundo, e isso ajudou a fortalecer o dólar, ante divisas de países emergentes, como o real.
No entanto, o cenário brasileiro está tão convidativo aos investidores que nem mesmo as preocupações externas conseguiram fortalecer o dólar na sessão de hoje.
Ibovespa sobe pela terceira vez em agosto
O Ibovespa fechou o segundo pregão consecutivo em alta, registrando a maior sequência de avanços de agosto. Antes destes dois resultados positivos, o indicador havia fechado apenas outra sessão em alta.
Por outro lado, o índice caiu em 14 sessões de agosto, sendo 13 delas de maneira consecutiva, marcando o recorde negativo da sua história, com a maior sequência de quedas já registrada.
A propósito, o Ibovespa é o indicador do desempenho médio das cotações das ações negociadas na B3, a Bolsa Brasileira. Na sessão de hoje, o indicador subiu 1,70%, a 118.135 pontos.
Embora tenha caído em 14 pregões, o Ibovespa acumula uma queda de “apenas” 3,13% no mês, resultado considerado positivo para tantas quedas assim. Em 2023, o indicador ainda reserva ganhos de 7,65%.
No pregão de hoje, 63 das 85 ações listadas no Ibovespa subiram, evidenciando a disseminação das altas na sessão. A carteira teórica mais famosa do país movimentou R$ 19 bilhões nesta sessão, valor superior à média diária de agosto, de R$ 18,5 bilhões.
O destaque do dia ficou com a Petrobras, cujas ações subiram mais de 5,00%. A saber, a companhia responde por cerca de 12% da carteira do Ibovespa. Já os papeis da mineradora Vale, que representam mais de 12% do índice, subiram 0,74%, ajudando a fortalecer o resultado no dia.