O dólar comercial iniciou a semana em forte alta. Nesta segunda-feira (14), as preocupações com o exterior continuaram exercendo mais influência que as boas notícias do mercado doméstico. Assim, a moeda norte-americana acabou subindo pelo segundo pregão seguido.
Em resumo, o dólar fechou a sessão de hoje com uma alta de 1,26%, cotado a R$ 4,97. Esse é o maior nível desde o pregão de 1º de junho, quando a divisa cravou os R$ 5,00, ou seja, em dois meses e meio.
Com o acréscimo do resultado desta segunda-feira, o dólar passou a acumular ganhos de 5,00% em agosto. No entanto, a moeda segue acumulando uma queda de 5,92% em 2023, o que evidencia a recuperação da divisa neste mês, ainda mais ao considerar que o dólar já chegou a ter perdas de 12% no ano.
Exterior impulsiona dólar
O mercado de câmbio acaba funcionando como um termômetro das notícias nacionais e internacionais. Quando os acontecimentos são positivos, mostrando fortalecimento da atividade econômica global ou nacional, o dólar tende a cair. Por outro lado, quando ocorre o contrário, a moeda ganha força e sobe.
Em suma, isso acontece porque os títulos americanos são considerados os ativos mais seguros do mundo. Portanto, quando as expectativas não são positivas, os investidores costumam buscar estes ativos, e isso impulsiona o dólar, principalmente em relação a moedas de países emergentes, como o real.
Nesta segunda-feira (14), as preocupações com a China continuaram no radar do mercado. A segunda maior economia do mundo não está tendo uma recuperação como o esperado, e isso pode afetar todo o planeta.
Além disso, ainda não há certeza sobre a próxima reunião do Federal Reserve (Fed), banco central dos Estados Unidos, que pode elevar os juros no país. Atualmente, a taxa de juros norte-americana está entre 5,25% e 5,50%, maior nível em mais de 20 anos, e o mercado ainda não sabe se o Fed vai elevar novamente a taxa ou se a manterá estável.
Na semana passada, foi divulgada a inflação ao consumidor dos EUA de julho. A taxa veio abaixo do esperado, e os analistas estão mais seguros de que o Fed não vai elevar os juros no país. Contudo, até que ocorra a reunião, a apreensão deverá continuar em alta entre os analistas.
Juros em queda no Brasil não animam
No início de agosto, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) decidiu cortar os juros em 0,50 ponto percentual (p.p.). Com isso, a taxa Selic caiu de 13,75% para 13,25% ao ano, surpreendendo o mercado, cujo consenso geral dos analistas indicava queda de 0,25 p.p.
A saber, o corte de juros é muito positivo para a renda variável, como o mercado de câmbio e o acionário, pois tira atratividade da renda fixa. Aliás, a expectativa é que o dólar perca força ao longo do ano, enquanto a Bolsa Brasileira se fortaleça. No entanto, as preocupações vindas do exterior não estão permitindo taxas positivas nos últimos dias.
O Copom já afirmou que as próximas reuniões deverão trazer mais reduções de 0,50 p.p. Inclusive, há até mesmo a expectativa de uma redução mais firme, de 0,75 p.p., o que é muito positivo para a renda variável. Contudo, nada disso parece estar sendo suficiente para derrubar o dólar em agosto.
Bolsa Brasileira cai pela 10ª sessão consecutiva
O mês de agosto de 2023 já está marcado na história da Bolsa de Valores Brasileira. Em dez pregões, o Ibovespa, indicador do desempenho médio das cotações das ações negociadas na B3, a Bolsa Brasileira, caiu em todos eles. Essa é a maior série de quedas do Ibovespa desde fevereiro de 1984, ou seja, em quase 40 anos.
Na sessão de hoje, o Ibovespa fechou o dia em queda de 1,06%, a 116.810 pontos. Cabe salientar que, apesar de acumular dez quedas consecutivas, o indicador registra uma perda de “apenas” 4,20% no mês. A variação é considerada pequena para tantos recuos assim. No acumulado de 2023, o Ibovespa ainda conserva ganho de 6,45%, mas o número já superou 12%.
No pregão de hoje, 65 das 85 ações listadas no Ibovespa caíram. O principal impacto negativo veio das ações da mineradora Vale, que respondem por cerca de 13% da carteira do Ibovespa. Na sessão, os papeis caíram 3,10%, puxando o indicador para baixo. A carteira teórica movimentou R$ 17 bilhões no dia.
Por fim, vale destacar que dados negativos da China, refletindo uma atividade econômica morna, estão afetando tanto o mercado de câmbio quanto o de ações. Como as companhias de commodities têm um grande peso na composição do Ibovespa, como a Vale, os dados negativos da China derrubaram essas ações, que puxam a Bolsa Brasileira para baixo.