Economia

Cotação do DÓLAR hoje (03/10): Moeda chega ao MAIOR valor desde março

Há mais de seis meses que o dólar não atingia um patamar tão elevado quanto o desta terça-feira (3). Ao final do pregão de hoje, a moeda norte-americana chegou a R$ 5,1530, após subir 1,71%.

Na máxima do dia, a divisa atingiu R$ 5,16, ou seja, encerrou a sessão próxima do nível mais elevado do dia. Na véspera, o dólar havia fechado o pregão cotado a R$ 5,0662. Em outras palavras, a moeda subiu quase nove centavos de um dia para outro, o que é considerado um forte avanço diário.

Após subir 4,68% em agosto e 1,55% em setembro, o dólar vem acumulando alta de 2,51% nos dois primeiros dias de outubro, pressionado pelas preocupações globais com uma eventual recessão econômica, e com os dados dos Estados Unidos, que podem sugerir aumento dos juros no país.

Embora venha avançado nos últimos meses, o dólar continua em campo negativo no acumulado de 2023. A saber, a divisa tem uma queda de 2,37% no ano. Aliás, vale destacar que a perda chegou a 11% em julho, mas os bons resultados dos últimos meses eliminaram a maior parte das quedas observadas nos meses anteriores.

Dólar sobe, impulsionado por temor com recessão global

Em resumo, o dólar tende a subir quando as preocupações dos investidores superam o otimismo. Na sessão de hoje (3), os temores em torno de uma recessão econômica global pairaram mais uma vez sobre o mercado, provocando uma fuga para ativos de risco mais seguros, como as treasuries, que são os títulos norte-americanos.

Por falar nisso, os papeis atingiram o maior valor dos últimos 15 anos na semana passada. Isso atrai capital para os Estados Unidos, uma vez que a rentabilidade dos papeis crescem. Dessa forma, o dólar se beneficia, pois há mais capital em circulação no país.

Como as expectativas em relação ao futuro não são muito animadoras, os investidores acabam preferindo buscar ativos mais seguros, com medo de calote dos governos. Assim, retiram capital de países menos seguros, como o Brasil, e o alocam em grandes nações, como os EUA.

Mercado de trabalho pode afetar juros nos EUA

Nesta terça-feira (3), projeções de crescimento do número de vagas de trabalho criadas nos Estados Unidos em agosto ganharam força entre os investidores.

De acordo com o relatório Jolts, o país deverá registrar a abertura de 690 mil vagas no mês, totalizando 9,610 milhões de empregos. Contudo, os investidores esperavam estabilidade em relação a julho, com o saldo de 8,8 milhões de empregos no país. Os dados oficiais devem ser divulgados ainda nesta semana.

O temor dos investidores é que os dados realmente indiquem fortalecimento do trabalho, o que pode pressionar Federal Reserve (Fed), banco central dos EUA, a aumentar os juros no país, já que mais trabalho também significa maior volume de dinheiro na mão da população.

Temor de aumento dos juros nos Estados Unidos impulsiona dólar. Imagem: Agência Brasil.

Juros nos EUA estão no maior patamar em mais de 20 anos

Cabe salientar que, no último dia 20 de setembro, o Fed, manteve estável a taxa de juros no país, o que já era esperado pelo mercado. No entanto, a decisão não foi unânime, pois alguns diretores do Comitê de Política Monetária do Fed votaram a favor de uma elevação de 0,25 ponto percentual dos juros.

Apesar de o Fed não ter elevado os juros no país, a taxa está no maior patamar em mais de 20 anos nos EUA. Portanto, os consumidores estão com o poder de compra em um nível muito baixo, visto que os juros altos pressionam o custo de vida no país.

Em síntese, a entidade decidiu aguardar mais um pouco para analisar os próximos dados relacionados à atividade econômica dos EUA, bem como o desempenho de outros indicadores, como taxa de desemprego e inflação. Aliás, o banco não descartou a possibilidade de aumentar os juros ainda em 2023.

Caso isso ocorra, a decisão deverá afeta diretamente a cotação do dólar, pois, quanto mais altos os juros estiverem, maior o rendimento dos títulos norte-americanos. Inclusive, apenas as projeções de fortalecimento do mercado de trabalho já fez investidores buscarem ainda mais títulos americanos, fortalecendo o dólar.

Investidores também estão de olho no Brasil

No âmbito doméstico, os investidores ficaram atentos a vários acontecimentos no Brasil. Também no dia 20 de agosto, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central reduziu a taxa Selic. O corte de 0,50 ponto percentual, para 12,75% ao ano, foi o segundo consecutivo.

Isso afeta a cotação do dólar, pois os juros afetam a rentabilidade dos títulos nacionais. Além da queda da taxa Selic, o Brasil também não possui uma saúde fiscal tão forte quanto a dos EUA. Logo, o país enfrenta bem mais desafios para conseguir atrair capital do que a maior nação do planeta.

Por fim, nesta terça-feira (3), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelou que a indústria brasileira cresceu 0,4% em agosto, na comparação com julho. Apesar do avanço, a alta ficou abaixo das estimativas dos analistas, que acreditavam em um crescimento de 0,6% no mês. A saber, a indústria é um dos principais setores econômicos do país.