O dólar comercial encerrou a sessão desta terça-feira (8) em alta, influenciado pelas incertezas vindas do exterior. O movimento de alta da moeda norte-americana não foi mais expressivo graças ao cenário doméstico, que ajudou a limitar o avanço da divisa.
Nesta terça-feira (8), o dólar fechou a sessão em alta de 0,06%, fechando o dia cotado a R$ 4,8976. O avanço foi muito leve, próximo da estabilidade, mas a divisa segue acumulando uma alta de 3,57% em agosto. Por outro lado, em 2023, a moeda está 7,21% mais barata.
A sessão ficou marcada por dois fatores principais. O primeiro deles se refere ao exterior, que trouxe diversas preocupações para os investidores. Em resumo, as duas principais economias do mundo não tiveram boas notícias para animar os mercados nesta terça-feira.
Muitos analistas esperavam que a China tivesse um crescimento econômico mais significativo após o fim da política de “covid zero”. Como essa politica exercia uma pressão bastante negativa na atividade econômica do país, a expectativa estava muito alta para o seu encerramento.
No entanto, as exportações da China caíram 14,5% em julho, mais do que o esperado pelo mercado. Esse resultado mostrou que a demanda global está muito devagar, ainda mais considerando que a China é a segunda maior economia global, tendo uma grande importância para todo o planeta.
Além disso, o fantasma da crise bancária voltou a assustar os Estados Unidos. Neste ano, três bancos quebraram no país, mas tiveram uma ajuda rápida do Federal Reserve (Fed), o banco central norte-americano. Por isso, o mercado chegou a acreditar que o problema havia sido superado.
Entretanto, a agência de classificação de riscos Moody’s reduziu a avaliação de dez bancos. Estas instituições têm porte semelhante aos bancos que faliram. Aliás, há risco de quebra de outros seis bancos, de grande porte. Tudo isso aumentou as preocupações dos investidores, que evitaram ativos de risco e buscaram o dólar com mais intensidade.
Na semana passada, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central reduziu a taxa básica de juros da economia brasileira, a Selic, em 0,50 ponto percentual (p.p.). Com isso, a taxa caiu de 13,75% para 13,25% ao ano.
Essa foi a primeira redução dos juros no país desde agosto de 2020. Aliás, o corte na taxa Selic foi mais forte que o esperado pelo mercado. Em síntese, o consenso geral dos analistas apontava para uma redução de 0,25 p.p., para 13,50% ao ano. Contudo, o BC optou por uma redução mais intensa, e isso preocupou o mercado.
Nesta terça-feira (8), o BC divulgou a ata da última reunião do Copom, dando mais transparência à decisão de reduzir os juros em 0,50 p.p. A votação deu empate, com quatro diretores votando a favor da alta de 0,50 p.p. e outros quatro defendendo um avanço de 0,25 p.p. Coube ao presidente do BC, Roberto Campos Neto, desempatar.
A escolha de reduzir 0,50 p.p. surpreendeu, visto que o presidente do BC vinha mantendo um comportamento bem mais cauteloso sobre a taxa de juros no Brasil. Isso sem contar nas diversas críticas que o presidente Lula fez ao Banco Central e ao próprio Campos Neto.
Há quem pense que ele tenha cedido à pressão política. De todo modo, a expectativa é que não haja mais tensão entre o Executivo e a autarquia, ao menos por enquanto.
A cotação do dólar e o desempenho da Bolsa de Valores Brasileira geralmente seguem direções opostas nos pregões. Em suma, os fatores que impulsionam um dos indicadores acabam derrubando o outro, ao menos boa parte deles. E isso aconteceu no pregão desta terça-feira (8).
Na sessão, o Ibovespa chegou a cair na mínima de 1,58%, influenciado pelas preocupações internas. No entanto, após a publicação da ata do Copom, o humor dos investidores melhorou um pouco e a queda foi bastante reduzida.
Ao fim do pregão, o Ibovespa caiu apenas 0,24%, a 119.090 pontos. Em agosto, o índice acumula queda de 2,34%. Em contrapartida, no acumulado de 2023, conserva ganho firme de 8,53%.
No pregão de hoje, 50 das 85 ações listadas no Ibovespa fecharam o dia em queda. A propósito, o Ibovespa é o indicador do desempenho médio das cotações das ações negociadas na B3, a Bolsa Brasileira. No dia, a carteira teórica do indicador teve uma movimentação financeira de R$ 17 bilhões.