Os Correios lançaram um novo Plano de Desligamento Voluntário (PDV), com inscrições até o dia 12 de junho deste ano. De acordo com a estatal, os cargos incluídos no programa são: atendente comercial; operador de triagem e transbordo; cargos extintos e em extinção; e aposentados de qualquer cargo.
Os Correios informaram que os desligamentos são prioridade em funcionários com maior idade, maior tempo de serviço e maior tempo de aposentadoria. A empresa vai conceder, além de verbas de rescisão, um incentivo financeiro que varia entre R$ 25 mil e R$ 350 mil. No entanto, a empresa informou que o empregado que aderir ao programa não terá direito a receber a multa rescisória de 40% do saldo do FGTS nem ao seguro-desemprego, visto que se trata de desligamento “a pedido”.
Os funcionários que se aposentaram pelo INSS como empregados dos Correios ou que vão se aposentar até a data do desligamento, incluindo os dependentes, terá direito ao plano de saúde.
No início deste ano, a estatal informou que haveria dois programas de demissão voluntária este ano. A empresa lançou outros dois em 2017 e no ano passado, com a adesão de nada menos que 8 mil empregados. Ainda não há uma estimativa de adesões para este ano.
Os Correios tentam enxugar sua estrutura administrativa em meio à crise financeira. Em 2015 e 2016 foram R$4 bilhões de prejuízos. Uma das medidas foi fechar agências no país. Em 2017, foram 250 unidades localizadas em municípios com mais de 50 mil habitantes. No ano passado, foram 41 agências fechadas. Além disso, a empresa reduziu sua parte nos custos do plano de saúde dos funcionários e anunciaram a implantação de unidades compactas dentro de estabelecimentos comerciais.
Privatização ou abertura de capital?
O presidente dos Correios, general Juarez Cunha, disse que estão sendo feitos estudos para a abertura de capital da estatal. A afirmação, dada no podcast “Com a palavra, o presidente dos Correios”, direcionado aos funcionários da empresa, veio logo após ele defender que os Correios continuem sendo uma empresa pública.
“Com vistas à modernização da empresa, já iniciamos estudos para a abertura do capital da empresa. Isso é uma medida fundamental, importante, de maneira que possamos ter um quadro de sócios minoritários”, disse o presidente em áudio.
Os correios, com a abertura de capital, se tornariam uma empresa de capital aberto, com ações sendo negociadas na Bolsa de Valores. Com esse aporte, a estatal teria recursos para financiar projetos de investimento e modernização, conforme informou o presidente. Ainda não foram informados os detalhes da fatia da estatal que poderia ser vendida.
A abertura do capital dos Correios seria uma alternativa à privatização da empresa, medida que o presidente da companhia é contra. De acordo com ele, os estudos sobre a privatização serão conduzidos pelo governo federal e que haverá oportunidade de defender seu ponto de vista. Em abril, o presidente Jair Bolsonaro teria dado aval para a privatização dos Correios.
A equipe presidencial enxerga que o setor está em processo de transformação e, para sobreviver, a estatal precisa ser mais competitiva e ter menos amarras. A solução, para isso, viria apenas com a privatização dos Correios.
O presidente defende o que ele chama de “não privatização”. Para o gestor, a estatal é independente e autossuficiente, ou seja, não depende de recursos do orçamento, sendo independente do Tesouro Nacional e quando apresenta prejuízo, recorre a empréstimos pagos com recursos próprios. Além disso, ele cita que a empresa está promovendo uma grande reestruturação e modernização, que a deixaria pronta para competir no mercado. Para viabilizar essa modernização, a abertura do capital seria uma das saídas.
Ainda no podcast, o presidente destacou o papel social feito pelos Correios em todos os municípios do país. “Esse papel é imensurável e não poderá ser realizado por uma empresa não estatal”. Os Correios são a única empresa do país que entrega cartas e encomendas para todas as cidades do Brasil. Apesar de o setor de encomendas ter concorrência, apenas os Correios atuam regularmente devido à obrigatoriedade da universalização. No segmento de cartas, correspondências agrupadas e telegramas, a empresa detém exclusividade de exploração.