A CoronaVac atingiu eficácia global de 50,38% nos testes de fase 3 realizados no Brasil, informou o Instituto Butantan em coletiva de imprensa na tarde desta terça (11). Responsável pelos estudos em território nacional e pela fabricação da vacina da Sinovac Biotech no Brasil, o Butantan já havia divulgado que a CoronaVac protege contra mortes e casos graves da Covid-19.
A eficácia global de uma vacina aponta a capacidade de proteção contra todo tipo de caso de infecção pelo coronavírus, sejam casos leves, moderados ou graves. A taxa mínima recomendada pela OMS (Organização Mundial de Saúde) e pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) é de eficácia global de no mínimo 50%. Dessa forma, a CoronaVac cumpre os requisitos em termos de eficácia para ser aprovada no Brasil e em outros países.
Na semana passada, o Butantan anunciou que a CoronaVac havia atingido eficácia de 78% em casos leves e 100% em casos moderados e graves, o que na prática significa que a vacina protege contra mortes e complicações severas da Covid-19.
“Essa vacina tem segurança, tem eficácia, e todos os requisitos que justificam o uso emergencial”, disse Dimas Covas, diretor do Instituto Butantan.
Embora não tenha atingido índice de eficácia comparável às vacinas da Moderna e da Pfizer/Biontech, que registraram eficácia global na casa dos 95%, a CoronaVac tem capacidade para controlar a aceleração de transmissão do coronavírus no Brasil e derrubar o número de internações e mortes.
“A gente tinha previsto que a vacina tinha que ter uma eficácia menor em casos mais leves e uma eficácia maior em casos moderados e graves e nós conseguimos demonstrar esse efeito biológico esperado. Esta é uma vacina eficaz. Temos uma vacina que consegue controlar a pandemia através desse efeito esperado que é a diminuição da intensidade da doença clínica”, afirmou Ricardo Palácios, diretor de pesquisa do Instituto Butantan.
Nos testes da CoronaVac feitos na Indonésia, a taxa de eficácia global ficou em 65,3%, permitindo que a vacina fosse aprovada para uso emergencial no país.
O estudo da CoronaVac no Brasil contou com 12.508 voluntários, todos profissionais de saúde que trabalham na linha de frente no combate ao novo coronavírus. Dessa forma, os testes do imunizante foram feitos num grupo de alto risco e exposição, revelando a capacidade da vacina em proteger contra casos moderados e graves.
“[O teste] não é a vida real exatamente. É um teste artificial, no qual selecionamos dentro das populações possíveis, selecionamos aquela população que a vacina poderia ser testada com a barra mais alta. A gente quer comparar os diferentes estudos, mas é o mesmo que comparar uma pessoa que faz uma corrida de 1km em um trecho plano e uma pessoa que faz uma corrida de 1 km em um trecho íngreme e cheio de obstáculos. Fizemos deliberadamente para colocar o teste mais difícil para essa vacina, porque se a vacina resistir a esse teste, iria se comportar infinitamente melhor em níveis comunitários”, disse Ricardo Palácios.
O pedido de uso emergencial da CoronaVac foi feito à Anvisa na última sexta (08) e deve ser analisado até domingo (17). A agência também está analisando o pedido de uso emergencial da vacina de Oxford. Segundo o Ministério da Saúde do governo federal, assim que a Anvisa aprovar um dos imunizantes contra Covid-19, a vacinação começará em cerca de três ou quatro dias em todo território nacional. A previsão mais otimista prevê começo da vacinação no dia 20 de janeiro.