Consumidor brasileiro inicia o ano MENOS confiante
Índice de confiança recua 2,2 pontos no primeiro mês de 2023 e reflete o pessimismo do consumidor em relação aos próximos meses
As expectativas para a atividade econômica brasileira em 2023 continuam bem modestas. Os analistas do mercado financeiro projetam um crescimento mais tímido devido aos juros e à inflação elevados. E isso já vem se refletindo na confiança dos consumidores, que caiu no primeiro mês do ano.
A saber, o Índice de Confiança do Consumidor (ICC) caiu 2,2 pontos em janeiro, na comparação com o mês anterior. Com isso, o indicador chegou a 85,8 pontos, ficando ainda mais distante do nível de janeiro de 2020 (90,4 pontos), no período pré-pandemia.
Em síntese, a crise sanitária afetou todo o mundo, provocando a perda de milhões de empregos, bem como a elevação da inflação. Tudo isso corroeu a renda das pessoas, inclusive no Brasil. E o resultado de janeiro deste ano mostra que o consumidor está ainda mais pessimista que no início de 2020, quando o mundo começava a ouvir sobre a pandemia da covid-19.
Vale destacar que o índice de confiança do consumidor continua em um nível historicamente baixo, longe da marca dos 100 pontos. A propósito, níveis inferiores a essa faixa indicam pessimismo das pessoas, enquanto valores superiores a 100 pontos representam otimismo.
O Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre), responsável pelo levantamento, divulgou os dados na quinta-feira (26).
Pessimismo com o futuro derruba confiança
Neste mês, o que enfraqueceu a confiança do consumidor brasileiro foi o pessimismo em relação ao futuro. Em resumo, as famílias do país não estão muito confiantes com os próximos meses, que podem ser mais difíceis que o esperado.
“2023 começa com nova queda na confiança dos consumidores. O resultado reflete o pessimismo em relação aos próximos meses, embora as famílias de menor poder aquisitivo ainda se mantenham otimistas”, explicou Viviane Seda Bittencourt, coordenadora das sondagens do FGV Ibre.
“A percepção sobre a situação atual não se altera muito em relação aos meses anteriores, ou seja, há uma desaceleração do mercado de trabalho, endividamento e taxa de juros elevados que continuam diminuindo as intenções de compras nos próximos meses”, acrescentou a coordenadora.
De acordo com Viviane, o cenário nacional continua bastante desafiador em 2023. A saber, o mês de janeiro não trouxe nenhuma novidade positiva, que ajudasse a reduzir o pessimismo dos consumidores com os próximos meses. Por isso que a confiança caiu.
No entanto, vale mencionar a melhora dos dados em relação ao desemprego, que caiu novamente no trimestre móvel de setembro a novembro de 2022. Além disso, a taxa de endividamento também recuou em dezembro, mas, no acumulado do ano passado, bateu recorde no país, refletindo a dificuldade dos brasileiros em pagar suas dívidas e contas.
Embora os dados sejam positivos, as estimativas para o futuro não o são, pelo menos não com a mesma intensidade. As expectativas para a atividade econômica do Brasil em 2023 são bastante limitadas, e isso deverá se refletir nos consumidores, que já vêm mudando seus hábitos nos últimos anos.
Todas as faixas de renda se mantêm pessimistas
Em janeiro, o recuo do ICC não foi mais intenso devido à estabilidade das perspectivas em relação ao presente. Em suma, o indicador possui dois componentes, o Índice de Situação Atual (ISA) e o Índice de Expectativas (IE), que tiveram variações opostas no mês.
A saber, o ISA ficou praticamente estável, subindo 0,2 ponto em janeiro, para 71,1 pontos. Por outro lado, o IE caiu 3,6 pontos, para 96,7 pontos. Isso mostra que, apesar do recuo, o indicador relacionado aos próximos meses ainda se mantém em nível bem mais otimista que o índice referente à situação atual do país.
Contudo, ambos estão abaixo da marca de 100 pontos, indicando pessimismo do consumidor brasileiro. Enquanto o IE reflete um pessimismo leve, o ISA indica que os consumidores estão bastante preocupados com o momento atual do Brasil.
Seja como for, todas as faixas de renda não estão confiantes com a situação atual do país. A diferença entre elas se refere ao futuro, visto que os consumidores de menor poder aquisitivo estão mais otimistas pelo segundo mês consecutivo, enquanto as expectativas dos consumidores de maior poder aquisitivo caíram pelo quarto mês seguido.
“Há uma equiparação do nível de confiança entre as faixas de renda, mas que não significa um resultado favorável, já que todas se mantem girando em torno dos 80 pontos, nível baixo em termos históricos”, explicou Viviane Seda Bittencourt.