Os empresários do setor de serviços continuam pessimistas em relação à atividade econômica do país. Após registrar um desempenho forte no primeiro semestre deste ano, o índice de confiança dos empresários dos serviços começou a cair nos últimos meses, e isso continua até hoje.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV IBRE), o Índice de Confiança de Serviços (ICS) caiu 0,9 ponto em novembro, para 94,4 pontos. O recuo foi o quarto consecutivo e fez o indicador atingir o menor nível desde maio deste ano (92,9 pontos), ou seja, o resultado mais fraco dos últimos seis mês.
Com o acréscimo deste recuo, o ICS continua em patamar que reflete pessimismo do setor, mesmo que de maneira leve. A propósito, o ICS mede o grau de otimismo dos empresários do setor de serviços no país.
Vale destacar que resultados abaixo de 100 pontos indicam pessimismo, enquanto números acima dessa faixa refletem o otimismo do setor. Em suma, o resultado de outubro, em 95,3 pontos, indica que o grau de pessimismo dos empresários está leve.
“A confiança do setor de serviços caiu pelo quarto mês seguido, influenciada por piores avaliações em relação à demanda e à situação atual dos negócios. A queda foi bastante disseminada entre os segmentos do setor“, avaliou o economista da FGV, Stéfano Pacini.
Expectativas com o futuro sobem, mas ICS cai
Segundo o FGV IBRE, o ICS possui dois indicadores. O primeiro é o Índice de Expectativas (IE-S), que até subiu em novembro, mas o resultado não foi forte o suficiente para impedir a queda da confiança no mês.
Em resumo, o IE-S avançou 0,6 ponto em novembro, para 92,0 pontos. A variação não foi tão expressiva, mas o resultado foi positivo, ainda mais porque interrompeu uma sequência de três meses em queda.
Ainda assim, o componente segue distante da faixa de 100 pontos, refletindo um pessimismo razoável entre os empresários com o futuro do setor no país, e não uma preocupação apenas superficial, algo que acontece quando as taxas estão mais próximas de 100 pontos.
Em novembro, os dois indicadores do IE-S tiveram variações semelhantes, que impulsionaram o componente no mês. A saber, o indicador que mede demanda prevista nos próximos três meses subiu 0,9 ponto em novembro, para 92,2 pontos. Já o indicador de tendência dos negócios nos próximos seis meses subiu 0,2 ponto, para 91,7 pontos.
Situação atual derruba confiança dos serviços
Por outro lado, o segundo componente do ICS, o Índice de Situação Atual (ISA-S), caiu 2,2 pontos em novembro, derrubando o indicador e refletindo a piora do pessimismo entre os empresários com a situação atual do setor no país.
O componente ISA-S caiu para 97,1 pontos, menor nível desde maio (93,4 pontos), ou seja, em seis meses. O componente se distanciou um pouco mais da faixa de 100 ponto, mas o pessimismo entre os empresários continua superficial.
Diferentemente do que aconteceu com o IE-S, o componente de situação atual teve uma queda firme em novembro porque os seus indicadores também caíram. Enquanto o indicador que mede o volume de demanda atual tombou 3,8 pontos no mês, para 95,9 pontos, o de tendência dos negócios nos próximos seis meses caiu 0,7 ponto, para 98,2 pontos.
Ambos os indicadores estão em patamar semelhante ao do ISA-S e todos eles estão indicando que os empresários do setor seguem pessimistas com a situação atual do país, mas a preocupação não é tão grande quanto em relação ao futuro. Isso porque, apesar do avanço do IE-S, as taxas de seus indicadores estão mais distantes da faixa de neutralidade de 100 pontos.
Confiança dos serviços pode voltar a crescer
Embora a confiança do setor de serviços venha caindo nos últimos meses, o resultado pode melhorar em breve devido às mudanças que vêm acontecendo no país em 2023.
Em primeiro lugar, vale destacar que o Banco Central (BC) promoveu três cortes seguidos na taxa de juros do Brasil. A expectativa é que haja mais reduções nos próximos meses, o que beneficia a população, aumentando o seu poder de compra e impulsionando a economia do país.
Além disso, a redução dos juros também está beneficiando as famílias endividadas do país. Em suma, quanto maiores as taxas de juros, mais difícil fica para os consumidores pagarem suas dívidas. Como os juros estão caindo, o endividamento também está perdendo força no país, apesar de ainda se manter em patamar muito elevado.
“A tendência de queda na taxa de juros e de redução do endividamento das famílias ainda não se refletem em uma reaceleração no setor, que ainda dependerá da melhora da confiança dos consumidores e da continuidade do bom momento do mercado de trabalho“, explicou Stéfano Pacini. “Os empresários ainda demonstram cautela frente ao cenário macroeconômico desafiador“, finalizou.