Os empreendedores e empresários das comunidades de Minas Gerais, foram perfilados em estudo realizado pelo SEBRAE (Serviço Brasileiro de Apoio às Pequenas Empresas) em parceria com o Data Favela/Instituto Locomotiva. E a conclusão feita foi que as comunidades de Minas Gerais apostam no empreendedorismo. Este é o assunto deste artigo!
Quais foram os direcionamentos da pesquisa?
1.004 empreendedores dos bairros Araçuaí, Montes Claros, Araguari e Congonhas, Região Metropolitana de Belo Horizonte, participaram do estudo “Empreendedorismo nas favelas de Minas Gerais”, realizado entre setembro e novembro de 2022.
Segundo o relatório, a maioria dos empresários de favelas mineiras (87%) vem de classes de baixa renda, são negros (73%) e têm apenas o ensino fundamental completo (53%).
Os negócios de muitas pessoas começaram porque eles tiveram que fazer isso para sobreviver em casa. Uma porcentagem considerável dos empresários são nativos digitais e, mesmo entre os formalmente estabelecidos, a grande maioria são microempreendedores individuais (MEI) ou pequenas empresas (ME).
A pesquisa também mostra que o setor de serviços é o mais prevalente nas favelas. Dessa forma, respondendo por 37% de todos os negócios, seguido pelo varejo (31%) e, finalmente, pela produção e venda de produtos artesanais (23%).
Alimentos e bebidas (24%), beleza e estética (14%) e roupas e acessórios (10%) são algumas das indústrias mais comuns nas quais as empresas se estabelecem e prosperam.
Apenas 11% dos empresários têm funcionários e, desses, 93% têm apenas um funcionário. Além disso, 88% dos proprietários de empresas contratam pessoas de sua área imediata e 46% usam contratos informais.
As favelas e os negócios
Mais de 231 mil residências na capital mineira e em outras grandes cidades estão localizadas em favelas, ou 3% do total do estado. Segundo o IBGE (Instituto Nacional de Geografia e Estatística), mais de 12% dos domicílios de Belo Horizonte estão nessas áreas.
São 83% homens, 72% de meia-idade, 73% negros e 61% com o ensino médio completo.
A grande maioria dos investigados (91%) está envolvida no comércio local de alguma forma. Especificamente, 41% operam em um centro comercial, 26% em suas residências e 18% na rua.
Quando perguntados sobre os prós e os contras de trabalhar por conta própria sem uma afiliação formal de empregador. Sendo assim, 46% dos entrevistados citaram ser seu próprio chefe como a maior vantagem, enquanto 35% citaram ter horário flexível como um grande atrativo.
Aspectos negativos incluem não ter salário fixo garantido (44%), além de não ter acesso a benefícios como vale-refeição, transporte ou plano de saúde.
A pesquisa mostra que metade dos empresários da comunidade mineira começou por necessidade e a outra metade viu uma oportunidade.
90% deles dependem exclusivamente de seus negócios para obter renda, e seus ganhos representam pelo menos metade da renda total de sua família.
Embora os negócios baseados em casa sejam uma importante fonte de renda para muitas pessoas, um número chocante de empreendedores comunitários, 69%, nem mesmo tem conhecimentos de informática.
Entre os 31% que registraram oficialmente seus negócios, a grande maioria (79%) são empresários individuais com pequenas operações (MEI). Segundo Marcelo Souza e Silva, presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae Minas, a taxa de formalização tende a diminuir à medida que o fundador da empresa fica mais vulnerável.
Renato Meirelles, do Instituto Locomotiva e Data Favela, diz que muitos empreendedores começaram na área por oportunidades, enquanto outros abriram negócios para complementar a renda familiar.
Promoção de um ambiente propício ao empreendedorismo
O estudo “Empreendedorismo nas Favelas Mineiras” faz parte da iniciativa de Comunidade Empreendedora, lançada pelo Sebrae Minas para aumentar a competitividade dos pequenos negócios nas favelas mineiras, promovendo o crescimento local por meio da geração de novos empregos e receita.
O objetivo é melhorar a gestão desses empreendimentos, estimulando a cooperação, criatividade e protagonismo dos empreendedores locais. Ou seja, oferecendo qualidade de vida aos moradores das comunidades e gerando novas oportunidades de negócios.
O programa fará um diagnóstico do amadurecimento empreendedor comunitário para a elaboração de um plano de ação com treinamentos individuais e coletivos em gestão empresarial.
O projeto terá início nas comunidades da Região Metropolitana de Belo Horizonte e, posteriormente, se estenderá a outras favelas do interior do estado.