De acordo com conhecedores da área, as ações anunciadas pelo governo federal para reduzir os preços dos veículos novos em até R$ 120 mil podem trazer concorrência ao mercado e reduzir os preços em geral, principalmente para veículos ainda seminovos. Por isso que hoje, indicaremos como a decisão do governo em reduzir os preços dos veículos altera o preço dos usados.
A Federação das Concessionárias de Automóveis do Brasil (Fenauto) acredita que a proposta contém falhas que efetivamente anularão seus efeitos sobre os preços de veículos novos e usados ??(aqueles com mais de três anos de circulação).
O que prevê o planejamento do governo na redução de preços dos veículos novos?
A princípio, o planejamento do governo prevê um desconto de R$ 2 mil a R$ 8 mil no preço de etiqueta dos veículos novos, além de subsídios para baratear caminhões e veículos de transporte público. Ou seja, o governo prevê um subsídio no valor de R$ 1,5 bilhões para o programa todo.
O presidente e ministro da Indústria, Geraldo Alckmin, explicou que o desconto máximo será dado aos veículos que atenderem aos critérios:
- Social: mais barato;
- preservação ambiental: menos poluente;
- densidade industrial: mais itens produzidos no Brasil.
Esta oferta é válida por um período de quatro meses.
Quais os efeitos nos veículos já existentes no mercado?
Para os conhecedores da área, a categoria de seminovos é a mais afetada pela ação do governo.
Mas há uma grande probabilidade de haver uma espécie de efeito dominó, com maior repercussão nos preços dos veículos usados. Assim, afetará aqueles que usaram o produto há mais de três anos.
Quando o preço de um carro novo cai, ele pressiona para cima o preço de um carro usado porque menos pessoas podem comprar um novo. Desta forma, se o motorista conseguir um carro novo por 10% a menos do que a tarifa atual, esse desconto será refletido no preço do carro usado.
Para os conhecedores, a queda nos preços dos veículos não afetará apenas os modelos seminovos ??e usados,?? mas também atingirá modelos que há muito tempo foram descontinuados.
Em quanto tempo, os efeitos da medida do governo serão sentidos pelos motoristas?
Desde que o mercado tenha uma compreensão geral da medida, as mudanças de preço resultantes para bens usados ??e recondicionados serão relativamente rápidas para refletir a mudança. E assim, irá afetar o mercado todo.
Há que se considerar, também, que pode haver desconfiança entre compradores e vendedores por se tratar de uma medida temporária.
Há a possibilidade de se ver um mercado supersaturado até a data de vencimento da medida. Mas, enquanto durar, as coisas continuarão avançando.
A duração de quatro meses da proposta também orientará as montadoras na tomada de decisões sobre suas estratégias de produção de veículos. Por exemplo: se determinado modelo está amplamente disponível no estado de São Paulo, tem mais chances de ser afetado pela medida do que outros modelos.
Já com menor oferta, a situação se inverte: com menos veículos disponíveis, os preços dos veículos novos devem exercer menos pressão de alta sobre os veículos seminovos, que por sua vez devem exercer menos pressão sobre os veículos usados.
Assim, o tempo, dependerá muito de especificidades regionais. A Federation of National Automobile Dealers, está frustrada com o anúncio do governo, pois quaisquer efeitos perceptíveis no mercado de bens usados ??e recondicionados tem impacto nas restrições orçamentárias e de tempo.
As vendas serão limitadas a pessoas físicas durante os primeiros quinze dias, com a duração do período de exclusividade sendo estendida por até sessenta dias adicionais com base na resposta do mercado.
Qual a posição das montadoras de automóveis?
Para o governo, a validade começa no dia 15, podendo ir até 60 depois disso. É de vital importância enfatizar que um carro não é algo que você prepara, exibe e espera que alguém compre. O automóvel é um bem de alto valor que a produção e de a acordo com a demanda de mercado.
Se a medida fosse mais abrangente, profunda e de longa duração, ela seria eficaz para atingir veículos usados ??e seminovos. Assim, também a indústria automobilística se beneficiaria de uma política de crédito mais liberal.
Reduzir os custos no ponto de venda é mais fácil de distribuir do que os incentivos fiscais, que recaem na cabeça dos fabricantes e podem não chegar aos consumidores.
Outra grande desvantagem da indústria automobilística é a alta taxa de juros do país (em torno de 13,75% ao ano). Se o valor do carro cair e seus pagamentos ficarem menores, essa ainda não é a resposta. É preciso aumentar a capacidade de compra das famílias.