Um fator que contribuiu para os prejuízos gerados ao setor do comércio em 2021, foi o alto número de feriados em dias úteis que o ano apresentou. Para 2022, a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) projeta 22% menos prejuízos provenientes dessas pausas para o setor.
Para se ter uma ideia, convertendo esse prejuízo para valores, a confederação indica que o montante total das perdas será de R$ 17,25 bilhões. O que significa o menor rombo desde 2014. Neste ano, o comércio varejista sofreu prejuízos de R$ 22,11 bilhões devido a pausas para feriados, o segundo maior desde 2007.
De acordo com cálculos de especialistas da CNC, cada dia útil perdido por feriado gera um rombo de R$ 2,46 bilhões ao varejo. Para Fábio Bentes, economista da CNC e responsável pela pesquisa, embora essas datas prejudiquem as vendas casuais, o maior impacto é o causado sobre a folha de pagamento.
“Segmentos altamente empregadores como hiper e supermercados, por exemplo, devem ter prejuízos de R$ 3,3 bilhões. O setor de vestuário, calçados e acessórios também sofrerá, com perdas que podem chegar a R$ 2,83 bilhões. O comércio automotivo, que não é tão empregador como os outros setores, mas tem um salário médio maior, deverá ter prejuízo de R$ 2,63 bilhões”, explicou o economista.
Os três setores citados por Fábio Bentes são os mais empregadores do mercado e juntos irão representar 51% (mais da metade) dos prejuízos previstos para 2022 devido às pausas provenientes de feriados em dias úteis. Juntos também, concentram 55% da folha de pagamento do comércio varejista do Brasil.
Para os economistas da CNC, a estimativa é de que cada feriado nacional provoque um impacto de R$ 10,12 bilhões na geração do Produto Interno Bruto (PIB), o que equivale a 0,12% do PIB anualizado.
Os prejuízos foram amenizados aos empregadores após a nova reforma trabalhista que define que o trabalho realizado em dias não úteis não implica mais na obrigatoriedade do pagamento em dobro da hora trabalhada, como era antes. Hoje em dia, o trabalhador pode optar por fazer a compensação em bancos de horas, por exemplo.
“No caso do comércio, se não há compensação, há que se pagar a hora em dobro e isso, naturalmente, aumenta os custos do setor e reduz as margens de lucro e a rentabilidade do comércio”, salientou Fábio Bentes.
“Mas com sete feriados nacionais de 2022 caindo em dias úteis (dois a menos do que em 2021), o prejuízo será menor justamente por esse efeito do calendário, com menos horas extras sendo pagas, já que haverá mais dias úteis para o comércio”, completou o economista.
| Feriado | Data |
| Dia da Confraternização Universal | 1º de janeiro |
| Paixão de Cristo (Sexta-Feira Santa) | 15 de abril |
| Tiradentes | 21 de abril |
| Dia do Trabalhador | 1º de maio |
| Independência do Brasil | 7 de setembro |
| Nossa Senhora Aparecida | 12 de outubro |
| Dia de Finados | 2 de novembro |
| Proclamação da República | 15 de novembro |
| Natal | 25 de dezembro |
Destes, 7 feriados cairão em dias úteis em 2022. Vale ressaltar que o Carnaval e Corpus Christi são considerados pontos facultativos.
Também é válido salientar que o setor do turismo segue na contra mão do comércio, já que nos feriados há um aumento na venda de pacotes de viagens, na taxa de ocupação de hotéis e no fluxo de visitantes.